Folha de S. Paulo


Irã diz ter executado cientista nuclear envolvido em espionagem nos EUA

O governo iraniano afirmou neste domingo (7) ter executado um cientista nuclear iraniano por ter dado informações sobre o programa nuclear do país aos EUA.

Shahram Amiri, que trabalhava em uma universidade filiada ao Ministério de Defesa iraniano, desapareceu em junho de 2009 na Arábia Saudita, para onde havia viajado para uma peregrinação muçulmana. Teerã afirmou que ele foi sequestrado pelos EUA com a ajuda dos serviços de inteligência sauditas. Washington negou e disse que Amiri estava em solo americano por livre vontade, podendo sair quando quisesse.

O cientista retornou ao Irã em 2010 e disse ter passado 14 meses "submetido a uma pressão psicológica grande e vigiado por homens armados". Ele afirmou ainda que autoridades americanas ofereceram milhões de dólares por sua ajuda para entender o programa nuclear iraniano.

À época, a agência de notícias semi-oficial iraniana Fars disse que Amiri deu informações valiosas sobre a CIA, a agência americana de inteligência, ao governo iraniano e sugeriu que ele foi plantado como agente duplo para descobrir quanta informação os americanos tinham sobre o programa nuclear nacional.

Desde então, pouco foi divulgado sobre o destino de Amiri. No ano passado, seu pai, Asgar Amiri, deu uma entrevista à rede britânica BBC dizendo que seu filho estava detido em um local secreto desde o retorno ao país.

O porta-voz do Judiciário iraniano, Gholamhosein Mohseni Ejehi, confirmou a execução de Amiri, mas não informou quando ou onde a sentença foi cumprida. Segundo Ejehi, a pena de morte do cientista foi confirmada por uma corte de apelação.

"Amiri deu informação valiosa do país ao inimigo", disse Ejehi, citado pela agência oficial Irna.

A notícia de sua execução causou estranhamento por vir anos após seu retorno e cerca de um ano após Teerã fechar um acordo histórico com as potências para limitar seu programa nuclear em troca do fim das sanções econômicas contra o país.


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