Folha de S. Paulo


Brasil, Argentina e Paraguai avaliam rebaixar Venezuela no Mercosul

O Brasil, a Argentina e o Paraguai avaliam a possibilidade de "rebaixar" a Venezuela dentro do Mercosul para impedir que o país assuma a presidência do bloco.

Durante cerimônia de recepção para líderes estrangeiros que vieram para a Olimpíada, o presidente interino Michel Temer se reuniu com o presidente argentino Mauricio Macri e o paraguaio Horacio Cartes. Na saída, Temer afirmou: "É preciso esperar o dia 12 a data para que a Venezuela apresente todos os requisitos necessários".

Boris Vergara/Xinhua
Militares venezuelanos preparam a bandeira do Mercosul para ser hasteada na sede da Chancelaria
Militares venezuelanos preparam a bandeira do Mercosul para ser hasteada na sede da Chancelaria

Nessa data, completam-se os quatro anos da adesão da Venezuela, prazo concedido para que ela se adaptasse a um conjunto enorme de regras do bloco.

Se a Venezuela não demonstrar na reunião do dia 12 ter cumprido todas as exigências necessárias à incorporação no bloco como membro pleno, o país poderia sofrer um rebaixamento.

"Menos compromissos cumpridos, menos 'direitos' até que os cumpra", explicou uma fonte envolvida nas negociações.

Isso abriria caminho para que a Argentina assumisse a presidência do bloco antecipadamente, ou um comitê informal de embaixadores de forma provisória, até dezembro, quando os argentinos deveriam assumir oficialmente.

A Folha apurou que, em conversa com o secretário de Estado americano, John Kerry, o ministro José Serra afirmou: "A Venezuela não consegue nem se governar, o que dizer de governar o Mercosul".

O Mercosul está acéfalo desde a segunda-feira (1º). O Uruguai, presidente de turno do bloco, anunciou que entregaria a Presidência para a Venezuela, à qual caberia o comando neste segundo semestre.

Mas Brasil e Paraguai não aceitam a transferência. "Os chanceleres vão conversar com os embaixadores e verificar o que fazer, há uma pequena resistência por parte do Uruguai", afirmou Temer.

A Argentina, segundo fontes do governo brasileiro, está muito receptiva à ideia de antecipar seu turno na presidência ou permitir que uma comissão assuma, mas é preciso encontrar uma forma de fazer isso dentro da legalidade. E o Brasil tem pressa, "o Mercosul precisa voltar a funcionar", diz uma fonte do governo.

Kerry manifestou preocupação com a situação venezuelana e pediu liderança do Brasil. O chanceler americano também pediu apoio ao Brasil para a cúpula de refugiados.


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