Folha de S. Paulo


Assessoria econômica de Trump não terá nomes tradicionais nem mulheres

Executivos de banco, colegas do setor imobiliário, um fabricante de cigarros. Todos homens brancos, como ele.

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, anunciou nesta sexta (5) os 13 nomes que vão compor seu time econômico, encarregado de aconselhá-lo e ajudá-lo a montar sua plataforma na área, a ser anunciada na segunda (8) em Detroit, símbolo da crise industrial no país.

Sem mulheres nem minorias étnicas, a lista privilegia homens de negócio e escanteia economistas, escolha tradicional nas campanhas.

A equipe inclui companheiros da lista de bilionários da "Forbes", como John Paulson (US$ 9,8 bilhões) e Harold Hamm (US$ 12,9 bilhões) —Trump diz ter US$ 10 bilhões, mas a revista avalia a fortuna em US$ 4,5 bilhões.

Fred R. Conrad/The New York Times
John Paulson, criador do fundo de investimentos Paulson & Company, em foto de 2012, em Nova York
John Paulson, criador do fundo de investimentos Paulson & Company, em foto de 2012, em Nova York

Há amigos antigos, como Tom Barrack, que mantém a sede da Colony Capital, sua firma de investimentos, a metros da Trump Tower, em Manhattan. Com passagem pelo governo Ronald Reagan (1981-89), Barrack foi um dos oradores da convenção republicana, em julho.

O "gentil" e "paternal" Trump, disse no evento, "sabe que toda manhã, na selva, um leão acorda ciente de que precisa ser mais veloz do que a gazela mais lenta".

Dias depois, o "Washington Post" relatou que o republicano correu de uma parceria que fechara com Barrack para transformar um prédio do correio em Washington num hotel de luxo.

EGRESSOS DA CRISE

Outro assessor, David Malpass serviu sob Reagan e George W. Bush (2001-09). Em 2008, era economista-chefe do Bear Stearns, um dos primeiros bancos de investimento a quebrar com a crise das hipotecas de alto risco.

John Paulson, por sua vez, saiu no lucro: fez uma fortuna apostando no colapso da bolha imobiliária, em 2007.

Howard Lorber, que já comandou a centenária rede de cachorros-quentes Nathan's, hoje preside o Grupo Vector, que tem entre as subsidiárias a quarta maior fabricante de tabaco nos EUA e uma linha de cigarros eletrônicos.

Único quadro acadêmico, o professor da Universidade da Califórnia Peter Navarro é especialista em China (o Netflix tem um documentário seu, "Death by China", algo como "morte pela China") e defendeu Trump em artigo publicado em março.

"Quem insiste em que ele não tem política externa não está ouvindo. A 'Doutrina Trump' é uma página do manual de Reagan: paz por meio de força econômica e militar."

Diretor financeiro da campanha republicana, Steven Mnuchin já doou para vários democratas no passado, de Al Gore a Barack Obama.

Ele ficou milionário trabalhando no Goldman Sachs, banco que anos mais tarde seria um dos protagonistas da crise de 2008.

Depois fundou uma produtora por trás de obras como "Avatar" e "Wall Street –O Dinheiro Nunca Dorme", sequência do clássico de 1987.

O time será chefiado pelo diretor de políticas nacionais do presidenciável, Stephen Miller, e Dan Kowalski, ex-funcionário do Comitê de Orçamento do Senado.

Ao anunciá-lo, Trump acusou Obama e Hillary Clinton, de "dizimar a classe média". A proximidade da trupe com a mesma Wall Street que ele acusa de comungar com a rival, porém, levantou críticas.


Endereço da página:

Links no texto: