Folha de S. Paulo


Erdogan quer militares e inteligência sob seu comando, diz autoridade

Após mais de cinco horas de reunião do Conselho Militar Supremo nesta quinta -feira (28), uma autoridade turca disse a jornalistas que o presidente Recep Tayyip Erdogan pretende colocar as Forças Armadas e a agência nacional de inteligência sob o controle da Presidência após a tentativa fracassada de golpe militar do último dia 15.

Hoje as duas se reportam ao primeiro-ministro, Binali Yildirim. Para atender ao desejo de Erdogan, o governista AKP teria de obter o apoio da oposição no Parlamento para mudar a Constituição.

KAYHAN OZER /Presidência da Turquia/ AFP
O presidente Recep Tayyip Erdogan assina documento em reunião do Conselho Militar Supremo
O presidente Recep Tayyip Erdogan assina documento em reunião do Conselho Militar Supremo

Como parte da tentativa de conter o poder do Exército, o ministro do Interior, Efkan Ala, disse que a polícia também será equipada com armamento pesado.

Na reunião do Conselho, ficou definido que o chefe das Forças Armadas, Hulusi Akar, permanecerá no cargo. O chefe do Exército, Ihsan Uyar, e o chefe de treinamentos, Kamil Basoglu, porém, renunciaram horas antes do encontro.

O grupo se reuniu um dia depois de o governo dispensar cerca de 1.700 militares que seriam suspeitos de atuar na tentativa de golpe.

Na quarta (27), o governo também anunciou o fechamento de 131 veículos de comunicação e emitiu ordem de prisão contra 47 jornalistas.

Os EUA e a União Europeia demonstraram nesta quinta preocupação diante da ofensiva turca contra a imprensa. "Como candidata a membro da UE, a Turquia deve aspirar os mais altos níveis democráticos, incluindo a liberdade de imprensa", disse a porta-voz da UE Maja Kocijancic.

O chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, disse nesta quinta, que 88 funcionários que teriam ligação com o clérigo Fethullah Gülen –acusado por Erdogan de arquitetar o golpe– foram dispensados.


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