Folha de S. Paulo


Síria e Rússia prometem anistia a rebeldes que se renderem em Aleppo

Abdalrhman Ismail/Reuters
Smoke rises after airstrikes on the rebel-held al-Sakhour neighborhood of Aleppo, Syria April 29, 2016. REUTERS/Abdalrhman Ismail ORG XMIT: SYR23
Fumaça após ataques aéreos no bairro de al-Sakhour, em Aleppo, na Síria

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse nesta quinta (28) que a Rússia e militares sírios vão permitir a saída de civis e rebeldes de Aleppo, em uma "operação humanitária em larga escala", nas palavras do russo.

O anúncio veio acompanhado da promessa do ditador sírio, Bashar al-Assad, de uma anistia geral aos rebeldes que deixarem as armas e se entregarem ao governo da Síria nos próximos três meses.

Há dias, forças do governo sírio e tropas aliadas cercaram o principal enclave rebelde em Aleppo —a cidade mais populosa da síria antes da guerra civil—, o que pode provocar um cerco prolongado e, seguindo tática de Assad usada em outras cidades, levar à rendição dos rebeldes.

O governo bloqueou as estradas que ligam as áreas dominadas por rebeldes com o resto do país em 17 de julho, isolando cerca de 300 mil pessoas.

Residentes de Aleppo e rebeldes, no entanto, tomaram a oferta russa e síria com ceticismo, e não há sinais imediatos de uma saída em massa das áreas sob cerco.

Panfletos pedindo que as pessoas deixem Aleppo foram espalhados pela cidade. A TV local transmitiu uma fala de clérigos locais pedindo que rebeldes baixem as armas.

No final de abril, Aleppo viveu uma semana de extrema violência, com bombardeios que mataram mais de 200 pessoas, incluindo em um hospital.

A PAZ

O ministro russo da Defesa afirmou que seu país irá enviar um general e especialistas a Genebra, na Suíça, para discutir a crise de Aleppo, como resposta a um pedido do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.

O americano e o chanceler russo, Sergei Lavrov, se reuniram em Moscou e no Laos, nas últimas semanas, para tentar estabelecer uma cooperação militar, vista como crucial para restabelecer um cessar-fogo nacional na Síria, em guerra civil há mais de cinco anos.

Os dois países conduzem ataques aéreos na Síria, contra o Estado Islâmico, mas apoiam lados opostos na guerra civil —Moscou respalda Assad, e Washington defende que o ditador deixe o poder.

O enviado das Nações Unidas Staffan de Mistura pediu, nesta quinta (28), que os dois países trabalhem juntos, já que uma falha nas negociações entre eles terá um impacto negativo nas tentativas de negociação de uma paz.


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