O papa Francisco convidou as milhares de freiras que vivem enclausuradas a não se deixarem "dissipar" pela internet, ao tornar públicas nesta sexta-feira (22) as novas regras sobre a "vida contemplativa".
"Em nossa sociedade, a cultura digital influencia decisivamente a formação do pensamento (...). Este clima cultural não deixa incólumes as comunidades contemplativas", escreveu o papa em sua Constituição Apostólica Vultum Dei quaerere –a busca do rosto Deus.
"Estes meios podem certamente ser instrumentos úteis (...), mas peço-lhe o discernimento prudente, a fim de que sejam colocados a serviço da formação à vida contemplativa (...), e não de ocasiões de dissipação e fuga da vida fraterna em comunidade nem prejudiciais para a sua vocação ou um obstáculo a sua vida inteiramente dedicada à contemplação", ressalta.
Essas novas regras dizem respeito a cerca de 35 mil religiosas em clausura em cerca de 4.000 monastérios, a maioria na Itália e na Espanha.
Apesar de uma queda drástica das vocações, o papa argentino pediu para que religiosas do exterior não sejam "recrutadas" para preencher os mosteiros.
"Embora as constituições das comunidades internacionais e multiculturais manifestem a universalidade do carisma, devemos absolutamente evitar o recrutamento de candidatos de outros países com o único propósito de preservar a sobrevivência do mosteiro", disse o papa.
Francisco pede também que a oração seja realmente o "centro" da vida em comunidade. Além disso, incentiva todos os mosteiros a serem parte de uma federação, que é uma "importante estrutura de comunhão entre os mosteiros que partilham o mesmo carisma, a fim de que eles não permaneçam isolados".
"Para a comunidade dedicada à contemplação, o resultado do trabalho não é apenas garantir uma vida decente, mas também, sempre que possível, atender às necessidades dos pobres e mosteiros necessitados", disse o papa.
A Constituição apostólica anterior, sobre a vida contemplativa das monjas do papa Pio 12, Sponsa Christi, foi publicada em 1950.