Folha de S. Paulo


Chefe da Fox News deve deixar canal após acusações de assédio sexual

O chefe do canal de TV americano Fox News, Roger Ailes, deve deixar a emissora depois que uma ex-apresentadora o processou sob a acusação de assédio sexual, informou a imprensa americana nesta terça-feira (19).

A ação foi apresentada à Justiça americana há duas semanas por Gretchen Carlson. Além das acusações contra seu ex-chefe, ela exige que a 21st Century Fox, grupo dono do canal, faça uma revisão interna de suas políticas.

A apresentadora disse ter sido demitida por ter recusado investidas de Ailes e de seu colega de bancada em um programa, Steve Doocy. Em uma das ocasiões, diz, o chefe da Fox News foi a seu escritório e a chamou de "sexy".

Devido ao processo, o futuro de Ailes ficou ameaçado e começaram as especulações sobre sua saída. Na segunda (18), a revista "New York Magazine" informou que o magnata Rupert Murdoch havia ordenado sua demissão.

O jornal "The New York Times", porém, disse que as negociações continuam nesta terça e que provavelmente ele continuará trabalhando para a emissora, mas como consultor independente.

Roger Ailes comanda a emissora desde sua fundação, há 20 anos. Ele é considerado o responsável por torná-la o canal de notícias de maior audiência nos EUA e uma das principais fontes de renda da Fox.

Ex-assessor do Partido Republicano, ele também é responsável por dar a linha editorial conservadora da Fox News e por lançar estrelas da TV americana, como o comentarista Bill O'Reilly e a apresentadora Megyn Kelly.

OUTROS CASOS

Depois das acusações de Carlson, Kelly foi uma das jornalistas que vieram a público para dizer que foi assediada por Ailes. Nesta segunda (18), ela afirmou ter sido assediada pelo chefe da Fox News no início de sua carreira.

Outras dez mulheres que trabalharam entre as décadas de 1960 e 1980 revelaram que ele as assediou, mas que os casos foram abafados por ex-colegas de profissão, que deram depoimentos a favor dele.

Ele afirma que as acusações são falsas e que a apresentadora "agiu de forma retaliatória porque a emissora decidiu não renovar seu contrato" devido a índices de audiência considerados baixos.

"Este processo difamatório não é só ofensivo, mas completamente sem fundamento e será confrontado de forma vigorosa", disse Ailes.

Após as novas acusações, Rupert Murdoch contratou um escritório de advocacia para fazer uma investigação interna sobre as acusações de assédio. O conglomerado não comentou sobre as acusações.


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