Folha de S. Paulo


Brasileira morta em Nice e sua filha serão enterradas na Suíça

Arquivo Pessoal
Kayla Assis Ribeiro (vestido estampado), 6, sua mãe, Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro, 30, Kimea, de sete meses, e Djulia, 4. Kayla morreu em atendado em Nice
Kayla Assis Ribeiro (vestido estampado), 6, sua mãe, Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro, 30, Kimea, de sete meses, e Djulia, 4. Kayla morreu em atendado em Nice

A família da brasileira Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro, morta no atentado de 14 de julho, em Nice, quando tentava salvar a filha Kayla, 6, decidiu que os corpos das duas serão enterrados na Suíça, onde vivem a mãe, o marido e as duas outras filhas dela.

A agonia da família acabou por volta das 23h30 da noite de domingo (17), quando um telefonema do Itamaraty trouxe a confirmação : a polícia francesa havia concluído a identificação de Elizabeth, 30, por meio de exame de DNA. Ela estava na lista oficial dos 84 mortos no ataque terrorista.

"Foi como se me tirassem o chão", contou a mãe dela, Inês Gyger, que viajou de carro para Nice com a família a fim de exigir informações sobre sua filha, que foi dada como desaparecida durante três dias.

"Agora podemos dar o próximo passo, seguir adiante. Vamos tratar de enterrar minha filha e minha neta e de reconstruir a nossa família", disse Inês. "Tenho duas outras netas que estão precisando de carinho e atenção, e meu genro também."

A cabeleireira carioca Elizabeth Cristina era casada com o carpinteiro suíço Sylvan Solioz. No momento do atentado, ele conseguiu salvar as duas filhas menores do casal, Djulia, 4, e Kymea, de 6 meses.

Kymea estava no colo da mãe quando o caminhão dirigido pelo terrorista tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel avançou sobre a multidão de 30 mil pessoas reunida no passeio marítimo de Nice para assistir à queima de fogos em comemoração ao Dia da Bastilha.

Elizabeth só teve tempo de jogar a filha mais nova nos braços do pai. Não houve chance de resgatar Kayla, e ela própria acabou atingida pelo caminhão.

Segundo o relato do marido, Elizabeth ainda foi reanimada por bombeiros e falou com ele antes de ser levada desacordada.

Nesta segunda (18), quando toda a família se reuniu no hospital infantil da Fundação Lenval, Djulia saiu com a tia, Ana Margareth Ribeiro, para comprar um vestido de princesa com o qual Kayla será enterrada.

"Ela veio na ambulância com a irmã para o hospital e já entendeu que perdeu a Kayla, que ela foi para o céu, virou estrelinha", contou a avó.

Desde a noite do atentado a família recebe apoio psicológico no hospital da Fundação Lenval. Os consulados do Brasil e da Suíça também estão acompanhando a família e tomando as providências necessárias.

O diplomata Rezek Gassani, enviado pelo Consulado Geral do Brasil em Paris, e o cônsul-honorário do Brasil na Córsega, Mário Sanches, que está em Nice desde sábado, informaram que o traslado dos corpos ficará sob a responsabilidade das autoridades suíças.

Inês Gyger disse que os diplomatas fizeram "a corrente do bem" e agradeceu o trabalho da imprensa. Terminado o calvário, disse que não pretende voltar a Nice. E que irá embora sem ter entendido o porquê de tanta violência.

"As pessoas não têm mais diálogo. Acho que, se alguém tivesse conversado com esse rapaz [Mohamed Bouhlel], as coisas poderiam ter sido diferentes", afirmou.

MINUTO DE SILÊNCIO

Nesta segunda (18), a França fez um minuto de silêncio em homenagem às 84 vítimas do atentado de 14 de julho em Nice.

Milhares de pessoas foram ao local em que ocorreu o ataque, na orla da cidade. Ali, antes e depois do minuto, o primeiro-ministro Manuel Valls foi vaiado por pessoas que pediam sua renúncia. Depois, a multidão cantou A Marselhesa, o hino nacional francês.

O presidente da França, François Hollande, prestou sua homenagem no Ministério do Interior, em Paris, junto a Bernard Cazeneuve e quase 350 funcionários da pasta.

Colaborou Agências de Notícias


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