Folha de S. Paulo


Equador deporta novo grupo de 47 cubanos que queriam chegar aos EUA

O governo do Equador deportou nesta quarta-feira (13) um novo grupo de 47 imigrantes cubanos que estavam acampados nas ruas da capital Quito tentando chegar aos Estados Unidos.

A decisão do governo do presidente Rafael Correa foi criticada por grupos de direitos humanos e opositores, que a viram como um aceno ao regime do ditador cubano, Raúl Castro, seu aliado.

Guillermo Granja - 12.jul.2016/Reuters
Manifestantes equatorianos gritam mensagem de apoio a cubanos que foram deportados em Quito
Manifestantes equatorianos gritam mensagem de apoio a cubanos que foram deportados em Quito

Com isso, chega a 122 o número de pessoas que foram enviadas de volta à ilha em aviões da Força Aérea do país. Outros dois voos militares equatorianos levaram 75 cubanos no sábado (9) e na segunda (11).

O último grupo deportado teve sua libertação e permanência no país recusada pela Justiça por volta das 9h locais (11h em Brasília). Às 15h, foram colocados no avião rumo a Havana.

Em nota, o Ministério do Interior disse que os cubanos estavam em situação irregular e que as deportações foram feitas "respeitando o devido processo e os direitos humanos de forma irrestrita".

Porém, deportados e ativistas acusam o Equador de impedir o direito de defesa. As audiências foram marcadas por protestos contra Correa.

Um dos advogados dos cubanos, Francisco Hurtado acusou a polícia de não permitir o acesso aos clientes.

Em entrevista ao site 14ymedio, da dissidente cubana Yoani Sánchez, o mecânico Armando Ávila, deportado no sábado, acusou a polícia equatoriana de roubar seus documentos e bens.

Segundo ele, a Justiça equatoriana declarou sua soltura depois que já havia chegado a Havana. "Fui vítima de uma contravenção política por mostrar a realidade que vivemos em Cuba."

Também no 14ymedio, Carlos Salazar contesta a acusação das autoridades equatorianas de que estavam ilegais. "A primeira vez que vimos nossos advogados foi na audiência, mas não permitiram sequer falar conosco."

Em nota, o regime cubano disse que os deportados foram enviados a suas províncias de origem e culpou os EUA por incentivar a saída em massa de seus cidadãos.

Na terça (12), a ONG Human Rights Watch chamou a expulsão de "uma violação à lei internacional, que impede o retorno de refugiados a lugares onde suas vidas podem estar em perigo".

MIGRAÇÃO

Os cubanos haviam montado barracas no fim de junho em frente à embaixada do México em Quito para pedir um visto que os permitisse viajar por terra aos EUA.

A permissão exigida pelos cubanos é a mesma que foi concedida aos retidos no Panamá e na Costa Rica no fim de 2015 após a Nicarágua fechar a fronteira –o presidente do país, Daniel Ortega, também é aliado de Havana.

Os vistos foram concedidos depois de uma reunião entre México, Costa Rica, Panamá e Guatemala para resolver a crise migratória, que havia deixado mais de 10 mil cubanos presos nos dois países em dezembro.

Como alternativa, a Costa Rica ofereceu aviões para levar os cubanos à Guatemala, mas cobrando uma passagem de US$ 500 (R$ 1.650) por pessoa. Mesmo com o custo, cerca de 2.000 pessoas usaram esta rota aérea.


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