Folha de S. Paulo


Maioria de europeus associa refugiados a terror, diz pesquisa

Yannis Kolesidis/Associated Press
Refugees and migrants wait to embark into the buses during a police operation at a makeshift refugee camp at the Greek-Macedonian border near the northern Greek village of Idomeni, Tuesday, May 24, 2016. Greek authorities sent hundreds of police into the country's largest informal refugee camp at Tuesday to support the evacuation of the Idomeni site near the Macedonian border. (Yannis Kolesidis/ANA-MPA via AP) ORG XMIT: XTS145
Refugiados aguardam para entrar em ônibus durante desmontagem do campo de Idomeni, na Grécia

A onda de refugiados na Europa aumenta o risco de terrorismo, acreditam quase seis de cada dez cidadãos do continente, de acordo com uma pesquisa em dez países divulgada nesta segunda-feira (11). Outra preocupação é econômica: metade considera os refugiados uma ameaça a seus empregos e benefícios sociais.

A sondagem do Centro Pew de Pesquisas, de Washington, foi realizada antes do plebiscito no Reino Unido que decidiu pela saída do país da União Europeia e premiou o discurso contra estrangeiros. O sentimento é forte nos dez países europeus, entre eles Reino Unido, pesquisados pelo instituto.

Entre os 11.494 entrevistados entre 4 de abril e 12 de maio, 59% responderam sim à pergunta "refugiados aumentam a possibilidade de terrorismo no seu país?". O maior índice foi na Hungria, onde a extrema direita está em ascensão, com 76%. Entre os britânicos, 52% disseram sim, refletindo exatamente a divisão ocorrida no plebiscito.

Os húngaros também lideram entre os que veem os refugiados como uma ameaça econômica (82%), seguidos de poloneses (75%) e gregos (72%). Nos países mais ricos a preocupação despenca, como a Alemanha (31%) e a Suécia (32%).

Mais de um milhão de refugiados cruzaram as fronteiras da Europa em 2015, gerando uma crise entre os países que tiveram que se adaptar ao fluxo e debates na União Europeia sobre como lidar com eles. A maior parte fugiu de países em guerra, como Afeganistão, Iraque e principalmente Síria. O país que mais recebeu refugiados foi a Alemanha, com cerca de 470 mil.

A maioria é de países muçulmanos e encontra um ambiente desfavorável na maior parte dos destinos europeus. Mais de 60% têm uma opinião desfavorável dos muçulmanos na Itália, na Grécia, na Hungria e na Polônia. Nos demais países, pelo menos um quarto dos entrevistados tem a mesma visão.

DIREITA TEMEROSA

A desconfiança com os refugiados e os muçulmanos aumenta entre os que se identificam com ideologias de direita. Na Grécia, 81% dos eleitores de direita têm opinião negativa dos muçulmanos, mas o índice é alto também entre os de esquerda, 50%.

No Reino Unido, o medo de que a onda de refugiados traga terrorismo e danos econômicos é consideravelmente maior entre simpatizantes do Ukip, partido ultranacionalista que protagonizou a campanha pela saída da UE.

A reação anti-imigrante ocorre numa Europa cada vez mais diversa culturalmente. Segundo a pesquisa, os imigrantes são, na média, 12,2% da população dos dez países pesquisados, com variações entre extremos, a Suécia (18,3%) e a Polônia (1,6%). Só 22%, porém, acreditam que receber pessoas de diferentes etnias e religiões possa tornar seus países melhores.

Os países pesquisados foram Hungria, Polônia, Grécia, Itália, França, Reino Unido, Holanda, Espanha, Suécia e Alemanha.


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