Folha de S. Paulo


Uruguai reitera posição de passar chefia do Mercosul para Venezuela

Em uma posição contrária a de Brasil e Argentina, o Uruguai trabalha para passar a presidência rotativa do Mercosul para a Venezuela, conforme o rodízio estabelecido.

Brasil, Argentina e Paraguai resistem à ideia de que o bloco seja liderado pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro, acusado de reprimir e prender opositores, interferir no Legislativo e prejudicar a independência do Judiciário.

Na quinta (7), o governo do presidente Tabaré Vázquez —atual líder do bloco— divulgou nota em que "reitera sua posição no sentido de proceder a passagem da presidência, de acordo com as normas vigentes do Mercosul".

Segundo o documento, as autoridades uruguaias buscarão "caminhos de encontro" para superar os problemas de Caracas no processo de integração regional.

O Uruguai pretende reiterar sua posição de passar a presidência do Mercosul na reunião de chanceleres marcada para a próxima segunda (11) em Montevidéu.

O ministro brasileiro, José Serra, porém, anunciou que não irá por ter viagem programada para a China. Nos bastidores do Itamaraty, afirma-se que a estratégia do brasileiro é tentar postergar o encontro. Até agora, a reunião não está confirmada.

Na terça (5), ele havia pedido o adiamento do encontro a seu colega uruguaio, Rodolfo Nim Novoa, sob a justificativa de que Caracas não cumpriu todas as normas de adesão ao bloco. Nim Novoa rejeitou a proposta.

Serra recebeu o apoio do Paraguai, que tem a posição mais dura. O país apoia a suspensão da Venezuela do mercosul e da OEA (Organização dos Estados Americanos) por violar as cartas democráticas.

Para solucionar o impasse, a Argentina defende assumir a presidência —é o seguinte no sistema de rotação— ou que o comando permaneça com o Uruguai até janeiro.

Ao ser questionado sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia na segunda (4), o presidente argentino, Mauricio Macri, disse: "Nós vamos presidir o Mercosul nos próximos meses, impulsionando-o nessa direção".

Ele não especificou se se referia à Argentina ou a alguma parceria com o Uruguai.

BOLÍVIA

Ainda nesta quinta, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu que Vázquez mantenha sua posição pela adesão de Caracas e acusou os EUA de tentarem quebrar a unidade dos blocos latinos.

A Bolívia está em processo de adesão ao Mercosul e é signatária do Protocolo de Ushuaia, acordo do bloco sobre princípios democráticos.


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