Folha de S. Paulo


Trump tem rejeição ainda maior fora dos Estados Unidos, aponta pesquisa

Se a rejeição do bilionário Donald Trump é alta nos EUA, no exterior ela está alguns degraus acima, mostra uma pesquisa divulgada nesta quarta (29).

O virtual candidato republicano à Casa Branca desperta confiança em apenas 11% dos entrevistados pelo Instituto Pew em 16 países da América do Norte, da Europa e da Ásia ""65,5% desconfiam dele. Hillary Clinton, sua provável adversária na eleição, se saiu melhor: 52,6% afirmaram ter confiança nela.

Trump tem imagem negativa da maioria em todos os países e grupos, incluindo eleitores de partidos com retórica semelhante, como o ultranacionalista britânico Ukip, um dos maiores defensores da saída do Reino Unido da União Europeia. Entre eles, 30% disseram confiar em Trump, bem acima da média nacional, 12%.

A pesquisa também viu uma ligação entre os simpatizantes de Trump e do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em todos os países pesquisados, indica, quem tem confiança em Putin é mais inclinado a ter imagem positiva de Trump.

Índice de confiança entre europeus - Em %

Os dois andaram trocando elogios, até que Trump irritou o Kremlin em março com um vídeo que mostra Putin e a facção terrorista Estado Islâmico (EI) como "os piores inimigos" dos Estados Unidos.

Focada na imagem dos EUA no mundo, a sondagem indica uma opinião favorável sobre o país e o presidente Barack Obama. O estudo lembra que a chegada de Obama à Casa Branca, em 2009, melhorou significativamente a percepção externa do país, dada a impopularidade do antecessor, George W. Bush.

Na média global, 71,6% hoje aprovam Obama. "A confiança em Obama continuou forte ao longo de seus dois mandatos", diz a pesquisa.

Outra grande diferença em relação a Bush, que ficou marcado por ordenar a impopular invasão do Iraque, em 2003, é o nível de aprovação a ações militares. Metade dos entrevistados desta vez diz apoiar a campanha do governo Obama contra o EI na Síria e no Iraque.

FATOR CHINA

Para a maioria dos europeus, os EUA têm o mesmo peso no cenário mundial que tinham dez anos atrás, enquanto na Ásia as opiniões diferem: 61% dos japoneses acham que o país perdeu importância, e 57% dos indianos acreditam que ganhou.

Com a recuperação da economia americana e a desaceleração chinesa, a maioria considera os EUA a principal potência econômica do mundo, com exceção dos australianos, que apontam a China.

Entre os americanos, a confiança também subiu: em 2014, 41% disseram que a China era a principal economia, e 40%, os EUA. Agora, só 34% citam a China, enquanto 54% dizem que são os EUA.

A imagem da China é, em geral, negativa, indica a pesquisa. Só 37% dos americanos têm opinião favorável ao país, ainda assim bem mais que os 11% entre os japoneses, maiores rivais dos chineses na região. Entre os chineses, 50% veem os EUA positivamente.

Baseado em Washington, o Instituto Pew conduziu para esta pesquisa entrevistas com 20.132 pessoas em 16 países em abril e maio deste ano: EUA, Canadá, Polônia, Itália, Suécia, França, Holanda, Hungria, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Grécia, Japão, Austrália, Índia e China.

O instituto informou que neste ano preferiu fechar o foco na Europa e suas diversas crises, mas que no próximo ano deve fazer um levantamento maior, com 40 países.


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