Folha de S. Paulo


Alemanha e França pedem que Reino Unido acelere saída da União Europeia

A França, a Alemanha e outros quatro países fundadores da União Europeia (UE) pediram neste sábado que o Reino Unido acelere sua saída do bloco, de modo a reduzir o período de incertezas que prejudica a economia no continente.

A votação realizada na quinta (23) apontou que 52% dos britânicos querem que o Reino Unido saia da UE, movimento apelidado de "Brexit".

"Esse processo deve ser feito o mais rápido possível, assim poderemos nos concentrar no futuro da Europa em vez de ficarmos em um limbo", disse o ministro alemão Frank-Walter Steinmeie. ao lado de Jean-Marc Ayrault (França), Bert Koenders (Holanda), Paolo Gentiloni (Itália), Didier Reynders (Bélgica) e Jean Asselborn (Luxemburgo).

Os representantes da França e de Luxemburgo pediram que os britânicos não façam jogo ao realizar o processo, que ainda não tem prazo definido. A estimativa é que a separação possa durar até dois anos.

"Não há razão para um jogo de gato e rato", disse Ayrault, que afirmou ainda que os membros da UE buscarão marcar uma reunião com Cameron na próxima semana para debater o "Brexit".

Apenas o Reino Unido pode invocar o artigo 50 do tratado da União Europeia e, com isso, iniciar seu processo de se afastar do bloco.

Ayrault pediu ainda a nomeação rápida de um novo primeiro-ministro britânico para substituir David Cameron após a vitória do Brexit.

Cameron anunciou nesta sexta sua renúncia após defender a permanência do Reino Unido na UE, opção derrotada na votação. No entanto, ele prometeu permanecer no cargo até outubro, quando o Partido Conservador escolherá seu novo líder.

TOM CONCILIADOR

"O processo será doloroso para o Reino Unido mas, como em todos os divórcios, será doloroso para quem fica para trás também", disse o presidente francês François Hollande, em Paris.

"Dentro da União Europeia devemos agora organizar esta separação, mas devemos fazer isto em boas condições e com as regras que estão previstas pelos tratados", completou.

Apesar do Brexit, Hollande destacou que a França pretende "manter as relações com o Reino Unido" tanto na área econômica, como nas questões dos migrantes e refugiados ou de defesa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu neste sábado uma negociação às claras com a Grã-Bretanha, sua "parceira próxima", sobre a sua saída da União Europeia.

Merkel adotou um tom mais conciliador do que o dos outros chanceleres que se manifestaram a respeito do tema.

"As negociações devem acontecer num bom clima", disse Merkel após reunião do seu partido conservador em Hermannswerder, a oeste de Berlim (Alemanha).

"O Reino Unido continuará sendo um parceiro próximo, com o qual estamos ligados economicamente", disse ela, acrescentando que não havia pressa para o Reino Unido invocar o artigo 50 do Tratado da UE.

NEGOCIAÇÕES

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nomeou o diplomata belga Didier Seeuws para coordenar as negociações entre União Europeia e o Reino Unido, disse um porta-voz neste sábado.

Seeuws foi chefe do estado-maior de Herman Van Rompuy, antecessor belga de Tusk como presidente do conselho da UE até 2014. Ele foi porta-voz de Guy Verhofstadt quando o líder liberal no Parlamento Europeu, forte defensor do aprofundamento da integração da UE, foi primeiro-ministro belga de 1999 a 2008.

Como chefe da Força Tarefa Especial, Seeuws vai coordenar os trabalhos dos 28 Estados membros para negociações após o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da UE.

União Europeia e Reino Unido


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