Folha de S. Paulo


Cameron faz último apelo para voto por permanência britânica na UE

Convencidos de que o resultado do plebiscito sobre o futuro do Reino Unido na União Europeia será apertado, os dois lados da campanha passaram a quarta (22) tentando conquistar os votos dos indecisos país afora.

Nesta quinta (23), os britânicos terão oportunidade de decidir pela segunda vez se continuam membros da UE —em 1975, votaram contra o Brexit, nome dado à saída dos britânicos do bloco.

Geoff Caddick/AFP
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, participa de evento pela permanência na União Europeia
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, participa de evento pela permanência na União Europeia

O premiê David Cameron, principal rosto do "fica", e o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, que comanda a campanha para romper com a UE, encararam uma maratona de comícios em diferentes cidades. Os dois travam uma disputa pela liderança do Partido Conservador.

Nesta quarta, a campanha acabou exatamente como começou: repleta de ataques, críticas e metáforas.

'Brexit' - o plebiscito britânico

Cameron tentou fazer um apelo mais emotivo, abusando das metáforas para justificar por que os especialistas que preveem enfraquecimento da libra, fuga de capital estrangeiro e retração do crescimento econômico devem ser ouvidos.

"Se um mecânico disser que seu carro não funciona bem, que o motor tem defeito, que os freios não funcionam, você colocaria sua família nele? Claro que não. Sair [da UE] será como pular de um avião e não poder voltar à cabine."

Já o ministro da Justiça, Michael Gove, a favor da saída, comparou as previsões de economistas —que apostam num encolhimento da economia em caso de saída do bloco— com as evidências apresentadas por especialistas pagos por Adolf Hiltler para justificar o governo nazista.

PESQUISAS EM XEQUE

As pesquisas mais recentes apontavam empate técnico considerando a margem de erro, com alternância de vantagem para a permanência e para a saída do bloco.

Em 2015, porém, as sondagens falharam ao não prever a maioria absoluta para o Partido Conservador no Parlamento nas eleições gerais.

Para o professor Richard Whitman, da Universidade de Kent, o plebiscito colocará em xeque o modelo para mensurar o que o eleitor quer. "Ou vai mostrar que a forma de prever as intenções de votos está completamente errada ou vai servir para recuperar a fé nas pesquisas", diz.

No início da campanha, o "fica" tinha larga vantagem. A partir deste mês, o Brexit ganhou força. Com a morte da deputada Jo Cox, assassinada por um ultranacionalista britânico, os defensores da permanência voltaram a crescer.


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