Folha de S. Paulo


Deslocados por conflitos no mundo superam 65 milhões ao fim de 2015

O número de pessoas forçadas a se deslocar pelo mundo por conflitos, perseguição, violações de direitos humanos ou violência de forma geral superou a população da Itália ou mesmo a do Reino Unido.

Ao final de 2015, 65,3 milhões de pessoas tinham migrado por alguma destas situações, segundo relatório do Acnur, braço da ONU para refugiados, que será divulgado nesta segunda-feira (20).

O número significa que uma em cada 113 pessoas no mundo era, ao final do ano passado, refugiada, estava em busca de refúgio ou tinha migrado em seu território.

Apesar de o ritmo de crescimento desses migrantes à força ter amainado, trata-se de um novo recorde no número de pessoas deslocadas desde o período após a 2ª Guerra Mundial, e um aumento de quase 10% em relação ao ano anterior, informou a agência.

Num intervalo mais extenso, de cinco anos, coincidindo com o início da guerra civil na Síria e da Primavera Árabe, o aumento supera 50%.

DESLOCADOS À FORÇA PELO MUNDO - Em milhões

"A mensagem é que a comunidade internacional precisa se mover em torno da prevenção e da solução de conflitos. Não dá para achar que as crises humanitárias têm uma solução humanitária; a solução é política", diz Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Acnur no Brasil.

Com a somatória dos conflitos passados não solucionados com os novos, afirma, "o relatório do ano que vem pode ser ainda mais grave".

Entre os deslocados contabilizados pela agência há refugiados, pessoas que ainda solicitam o refúgio e aquelas deslocadas dentro do território de seu próprio país.

A maior parte dos 65,3 milhões —seis em cada dez— se locomoveu dentro de seu próprio território. No topo da lista nesta situação, estão nacionais da Colômbia (6,9 milhões), da Síria (6,6 milhões) e do Iraque (4,4 milhões).

"Esse é o quinto ano consecutivo em que cresceu o número de pessoas deslocadas internamente em seu território", descreve o relatório.

Segundo o documento, o aumento foi provocado "em grande medida pela persistência de violência e conflitos no Oriente Médio, com Iêmen, Síria e Iraque representando mais de metade dos novos deslocamentos em 2015".

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CRIANÇAS

O porta-voz do Acnur destaca a gravidade dos problemas provocados pelos deslocamentos forçados para crianças e adolescentes. Ao final do ano passado, 51% dos refugiados tinham menos de 18 anos, aponta o relatório.

Ainda mais cruel é o dado que revela crescimento no número de menores de idade viajando sozinhos : 98,4 mil desses jovens pediram refúgio em países estrangeiros durante 2015, em comparação com 34,4 mil em 2014.

"É a primeira vez que o Acnur registra um número tão alto dessas demandas em um único ano desde que a agência passou a sistematicamente reunir esses dados, em 2006", ressalta o relatório.

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