Folha de S. Paulo


Atirador de Orlando ameaçou explodir reféns, afirma prefeito

Enquanto espera a visita do presidente Barack Obama, que chega nesta quinta (16) à cidade para se solidarizar com sobreviventes e famílias das vítimas, a população de Orlando conhece mais detalhes dos momentos de pânico vividos na boate gay Pulse, cenário do pior ataque a tiros da história dos EUA.

Omar Mateen, o atirador que matou 49 pessoas antes de ser morto pela polícia, ameaçou vestir um cinturão de explosivos e prender bombas em quatro dos reféns que manteve na casa noturna, disse nesta quarta o prefeito de Orlando, Buddy Dyer.

"Tínhamos muita informação de dentro e ela dizia que sim, ele estava prestes a vestir um colete de explosivos", disse Dyer durante entrevista coletiva a poucos metros da boate Pulse.

Apesar das ameaças, os investigadores ainda não comprovaram se Mateen, 29, de fato tinha explosivos em seu poder. Funcionário de uma empresa de segurança, ele cometeu o massacre com um fuzil AR-15 e uma pistola. Além dos 49 mortos, o ataque deixou 53 feridos, dos quais seis estão em estado grave.

Um dos focos da investigação é a mulher de Mateen, Noor Zahi Salman, que disse a agentes do FBI (polícia federal) que sabia dos planos do marido de cometer o atentado e tentou demovê-lo da ideia. Mas ela também contou que o acompanhou a lojas de armas para comprar munição e que uma vez o levou de carro até a Pulse.

Em vários veículos de imprensa americana surgiram testemunhos de que Mateen era frequentador da boate que escolheu para cometer o massacre e também um usuário de aplicativos de encontros voltados para o público homossexual, indicando uma relação ambivalente com a comunidade gay.

Autoridades não quiseram adiantar, porém, se Salman seria indiciada.

A possível ligação de Mateen com grupos extremistas do Oriente Médio, que ele havia mencionado em conversas com colegas e nas redes sociais nos últimos anos, também continua algo não comprovado. Sabia-se que o atirador ligou para a polícia durante o massacre e declarou lealdade à facção terrorista Estado Islâmico (EI).

Um outro telefonema semelhante foi revelado por uma emissora de TV de Orlando. O produtor Mathew Gentili contou ter recebido a ligação por volta de 2h45 de domingo, cerca de 45 minutos após o início do ataque.

"Eu sou o atirador. Sou eu", disse Mateen, segundo Gentili, que ficou sem reação. Em seguida, o assassino afirmou que sua ação era em nome do EI, antes de começar a falar frases em árabe que Gentili não entendeu.

Pouco antes de abrir fogo, Mateen também publicou numa rede social um aviso do que viria, justificando o massacre como uma vingança contra as ações militares dos EUA no Oriente Médio.

"Vocês matam mulheres e crianças inocentes com ataques aéreos. Agora provem o gosto da vingança do EI. Nos próximos dias vocês verão ataques do EI nos EUA", escreveu, segundo a rede CBS.

Dyer, o prefeito de Orlando, disse ainda que Mateen percorreu vários locais de carro na noite do atentado, possivelmente para checar outros possíveis alvos para a ação. Dias antes, esteve em um shopping da Disney na cidade, o que os investigadores também interpretaram como parte da mesma sondagem.

De acordo com o FBI, contudo, não há indícios de que ele tinha outros alvos.


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