Folha de S. Paulo


Policial francês e mulher são mortos por jihadista na região de Paris

Thomas Samson/AFP
Jornalistas diante de cordão de isolamento na rua em que um policial e sua mulher foram mortos, em Magnanville, na região metropolitana de Paris
Jornalistas diante de cordão de isolamento na rua em que um policial e sua mulher foram mortos, em Magnanville, na região metropolitana de Paris; o suspeito, de 25 anos, foi morto pela polícia

Um policial e sua mulher foram assassinados na noite desta segunda-feira (13), na região metropolitana de Paris, por um homem que afirmou pertencer à facção Estado Islâmico.

O criminoso, morto pela tropa de elite da polícia francesa, foi identificado como Larossi Abballa, 25.

Kamil Zihnioglu/AFP
Fotografia do policial francês Jean-Baptiste Salvaing e sua mulher, Jessica Schneider; os dois foram mortos na noite da última segunda-feira (13), na região de Paris, por um jihadista que disse ter agido em nome do Estado Islâmico
Fotografia do policial francês Jean-Baptiste Salvaing e sua mulher, Jessica Schneider; os dois foram mortos na segunda (13), na região de Paris, por um jihadista que disse ter agido em nome do EI

O promotor de Paris, François Molins, disse nesta terça-feira (14) que Abballa esfaqueou o policial Jean-Baptiste Salvaing por volta das 21h desta segunda, em frente à casa de Salvaing, em Magnanville, na região metropolitana de Paris. Abballa então entrou na residência e fez a mulher e o filho do policial reféns.

Ele matou a mulher, que era secretária em uma delegacia no subúrbio de Mantes-la-Jolie, mas não feriu o filho do casal, de três anos de idade.

AFP
Foto do Facebook de Larossi Abballa, suspeito de ter assassinado um policial francês e sua mulher nesta segunda (13)
Foto do Facebook de Larossi Abballa, suspeito de ter assassinado um policial francês e sua mulher

VÍDEO

De acordo com a Promotoria, o terrorista gravou um vídeo de 12 minutos do ataque e postou a gravação no Facebook. Molins não deu maiores detalhes ou confirmou uma informação anterior de que Abballa teria postado o vídeo no Facebook Live, serviço de vídeo ao vivo da rede social.

No vídeo, assistido pelo jornalista David Thomson, da rádio RFI, Abballa afirma: "Vamos converter a Eurocopa em um cemitério". Segundo o jornalista, a gravação teve 98 visualizações antes de ser retirada do ar.

O torneio europeu de futebol teve início na última sexta-feira (10), na França, e reúne 24 seleções do continente.

O promotor de Paris afirmou ainda que Abballa tinha em sua casa, na região metropolitana da capital, uma lista de possíveis alvos, incluindo jornalistas, rappers e outras figuras públicas. O promotor não informou nomes que estariam nesta lista.

Segundo Molins, três pessoas (de 27, 29 e 44 anos de idade) foram detidas nesta terça sob suspeita de ligação com Abballa.

O presidente francês, François Hollande, classificou o ataque ao policial de "incontestável ação terrorista". "A França enfrenta uma ameaça terrorista de grande importância", disse Hollande nesta terça.

REDE JIHADISTA

Abballa havia sido condenado em 2013 a uma pena de três anos por integrar uma rede jihadista que pretendia "preparar atos terroristas".

A rede, que tinha vínculos na França e no Paquistão, facilitava o recrutamento, a formação física e ideológica, assim como o envio ao Paquistão de jovens voluntários para a jihad armada, informaram fontes próximas à investigação.

Fichado por radicalização, Abballa também foi citado em uma investigação recente sobre uma rede extremista síria, de acordo com as fontes.

Testemunhas afirmaram que ele gritou "Allahu Akbar" (Deus é grande) quando assassinou o policial nesta segunda.

ESTADO ISLÂMICO

Pouco depois do anúncio dos assassinatos, a agência Amaq, vinculada ao Estado Islâmico, anunciou que "um combatente do EI" matou um policial e sua companheira perto de Paris, de acordo com o SITE, o centro americano de vigilância de portais extremistas.

Fontes policiais informaram antes mesmo do comunicado da Amaq que Larossi Abballa havia alegado pertencer ao EI durante as negociações com a polícia enquanto mantinha a mulher do policial e seu filho como reféns dentro da casa.

O departamento antiterrorista da Promotoria de Paris assumiu o comando da investigação.

O primeiro-ministro Manuel Valls manifestou "a solidariedade de toda a nação com os policiais", ao mesmo tempo que incentivou o país a "rejeitar o medo, a combater o terrorismo".

Desde os atentados de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos, a França vive um clima de ameaça terrorista e adotou medidas de segurança mais rígidas.

O ataque ocorreu dois dias após a ação de um atirador em uma boate gay de Orlando, nos EUA, que matou 49 pessoas, e em plena Eurocopa, disputada neste mês na França.

Em março deste ano, a facção extremista explodiu bombas no aeroporto e no metrô de Bruxelas, na Bélgica, matando 32 pessoas e ferindo centenas.


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