Folha de S. Paulo


Primárias: a coalizão Clinton sem fissuras, e Trump mira a reta final

Hillary Clinton conquistou a nomeação democrata para a Presidência americana na terça-feira (7) e pediu ao país que rejeitasse Donald Trump, como um candidato inapto para o cargo. Eis algumas das coisas mais importantes que soubemos nesta terça:

A BASE DE CLINTON NÃO RACHOU

As primárias democratas finais se mostravam muito parecidas com o primeiro round, em fevereiro: como uma disputa entre a coalizão de mulheres, eleitores mais velhos e não brancos de Clinton, e uma base de Sanders composta por brancos, eleitores rurais e jovens.

Essa confrontação geral se modificou muito pouco ao longo da corrida e deu a vitória a Clinton em todos os Estados maiores, mais populosos, diversos e abundantes em delegados.

Clinton também vai contar com essa coalizão na eleição geral, e ela sinalizou isso o suficiente com um discurso de vitória em que salientou a longa luta pela igualdade das mulheres na política e temas de inclusão e tolerância racial.

Foto:Timothy A.Clary/AFP
Democratic presidential candidate Hillary Clinton acknowledges cheers from the crowd during her primary night event at the Duggal Greenhouse, Brooklyn Navy Yard, June 7, 2016 in New York. Americans from New Jersey to California cast ballots June 7th in the final major primaries of the 2016 White House race, after delegate counts showed Hillary Clinton winning the Democratic nomination. Sanders has thus far ignored media reports that she has clinched the magic number of delegates. / AFP PHOTO / TIMOTHY A. CLARY ORG XMIT: TC005
Hillary fala a apoiadores em Nova York, nesta terça-feira (7)

SANDERS NÃO OUVE A MUSIQUINHA DO 'FIM DA FALA'

Sanders investiu em sua enfraquecida campanha na Califórnia e, lá, ficou atrás de Clinton por uma margem significativa.

No entanto, declarou que seguiria em frente rumo à capital, Washington, na primária da próxima semana, e que lutaria na convenção na Filadélfia, em julho. Apesar de comentar que Clinton ganhou em vários Estados na terça (7), não reconheceu nem a barreira de delegados que ela havia cruzado nem a natureza histórica da sua vitória.

Na terça (7) à noite, Sanders demonstrou por que Clinton pode querê-lo como aliado na campanha de outono nos EUA. Ele mostrou que é capaz de atacar Trump com um discurso cortante, ao dizer que "o principal tema" da campanha de Trump "é a intolerância". Mas, por enquanto, Sanders parece determinado a desafiar seu partido e estender sua candidatura em uma corrida que já está resolvida.

TRUMP DEU O TOM QUE LÍDERES QUERIAM

Quando Trump embrulhou a nomeação republicana, os líderes do partido esperavam que ele se voltasse para a eleição geral e fizesse sua campanha em termos mais convencionais.

Um mês depois, e por um momento, Trump fez exatamente isso: evitou provocações pessoais e ataques, definiu a campanha presidencial como uma escolha entre um empresário durão e uma adversária que, segundo ele, encarnava "um sistema manipulado".

Mas, se os comentários de Trump esboçaram a mensagem que seus aliados queriam que ele desse, não se sabe se ele é capaz de se manter fiel a isso. A tolerância republicana em relação ao comportamento errático de Trump evaporou, e um senador que o apoiava, Mark S. Kirk, de Illinois, já retirou seu apoio.

A ELEIÇÃO É SOBRE IDENTIDADE

Clinton e Trump indicaram, em seus discursos de vitória, como planejam fazer campanha na eleição geral: não com base em promessas limitadas ou desacordos em termos práticos sobre metas comuns, mas com base em temas duros e abrangentes sobre o caráter básico do país.

Trump comprometeu-se a ser um presidente que colocará "os EUA em primeiro lugar, um guardião dos interesses tradicionais da nação contra as forças estrangeiras e um guerreiro contra "um sistema corrupto" em Washington.

Clinton prometeu defender os Estados Unidos como um "país justo e de coração grande", aberto à imigração e à diversidade e, segundo ela, sob grave ameaça de Trump.

A eleição, disse Clinton, se resumirá, essencialmente, a "milhões de norte-americanos unidos para dizer: 'Somos melhores do que isso'".

CLINTON QUER VOTOS REPUBLICANOS

A natureza beligerante da candidatura de Trump abriu uma brecha improvável para que Clinton conquiste republicanos moderados, e ela sugeriu na terça (7) que tinha a intenção de aproveitar isso ao máximo. Clinton deu aos adeptos de Sanders uma clara mensagem de reconhecimento em seu discurso, mas quase ao mesmo tempo pediu o apoio do outro partido.

Ela disse que seu objetivo era conquistar os eleitores que apoiavam a "mim ou ao senador Sanders ou um dos republicanos".

Em críticas a Trump, Clinton destacou sua campanha primária como violenta, observando que ele "ofendeu seus oponentes nas primárias e suas famílias".

Muitas das críticas que dirigiu a Trump foram essencialmente apartidárias, focadas em seu caráter e em sua aptidão temperamental para a Presidência —temas abordados de forma persistente tanto pela direita como pela esquerda.


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