Mesmo com 99,5% da apuração oficial dos votos até as 10h desta quarta-feira (meio-dia em Brasília), os peruanos continuam sem saber com certeza quem será seu próximo presidente.
A vantagem do economista Pedro Pablo Kuczynski ante sua rival, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), era de apenas 42,3 mil votos —50,12% a 49,87%. Apesar disso, nas ruas de Lima havia um clima de "já ganhou" entre os simpatizantes de PPK, como é conhecido Kuczynski.
| Janine Costa/Reuters | ||
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| Aliados de Keiko Fujimori se manifestam na frente da sede do órgão eleitoral peruano em Lima nesta terça |
"É ele, já está claro, mas é bom ver Keiko sofrendo por uns dias", diz o antifujimorista Gregório Muñoz, 64, enquanto lia capas dos jornais.
A imprensa popular satirizou a diferença mínima entre ambos. "Apertadinhos", dizia uma manchete. "PPK firme, Keiko já era", estampava outra, "De enfarto", sentenciava a terceira.
"Mas é isso mesmo, tem que ver se o velho aguenta", brincava o estudante Rafa Sánchez, 23, apontando a última manchete para a namorada. Piadas com relação à idade do agora favorito PPK, 77, não têm faltado nessa espera pelos resultados.
Segundo o órgão responsável pela contagem dos votos, a demora se deve ao fato de não terem chegado, ainda, todos os votos do exterior e de alguns centros de votação do sul do país.
O instituto de pesquisa Ipsos considera "pouco provável" uma virada a favor de Keiko, uma vez que o padrão não vem variando, e a contagem oficial bate com as pesquisas de boca de urna.
Enquanto isso, PPK voltou a pedir calma a simpatizantes na porta de sua casa. E, para driblar rumores de que a ansiedade lhe estava fazendo mal à saúde, foi a um clube onde costuma se exercitar.
Seu candidato a vice, Martín Vizcarra, disse a jornalistas ter certeza da vitória. "Os votos do sul favorecem PPK, está em todas as pesquisas. Keiko foi muito bem no norte, mas esses votos já estão contabilizados."
PPK teve bom desempenho no sul no primeiro turno, em abril, e isso teria sido reforçado agora pelo apoio da socialista Verónika Mendoza, cujo principal reduto é na região.
Já Keiko ficou o dia todo com sua equipe, sem dar declarações. Poucos aliados comentaram a contagem. A deputada Luz Salgado diz que o fujimorismo foi vítima de uma "guerra suja dos meios". "Não houve títulos positivos a nada do que propusemos. Relacionaram-nos apenas com coisas negativas."
VARGAS LLOSA
O Nobel peruano Mario Vargas Llosa, que disputou a presidência contra o pai de Keiko em 1990, disse em Madri, onde vive, que acompanha os resultados com "interesse e preocupação". "Minha esperança é que a ligeira vantagem de PPK se confirme." Ele faz campanha contra o fujimorismo desde sua derrota naquela ocasião.