Folha de S. Paulo


Mortes na travessia do Mediterrâneo sobem 34% em comparação com 2015

Após os três naufrágios da semana passada, de migrantes que faziam a rota entre a Líbia e a Itália, o número de mortos este ano na travessia do Mediterrâneo cresceu 34% em comparação com os cinco primeiros meses de 2015.

A estimativa foi feita pela Organização Internacional para a Migração (OIM) e divulgada nesta terça-feira (31).

Este ano, até domingo (29), 2.443 pessoas morreram nas diferentes rotas no Mediterrâneo, diz a entidade.

Entre 1º de janeiro e 31 de maio do ano passado, foram 1.828, segundo estimativa da OIM; em 2015 inteiro, ocorreram 3.770 mortes no local.

O número de chegadas à Europa também cresceu, passando de 91,8 mil nos primeiros cinco meses de 2015 para 204,3 mil este ano.

Mais de 75% das chegadas este ano foram registradas na Grécia, fluxo que foi freado após um acordo entre a Turquia e a União Europeia, assinado em março.

O número de chegadas à Itália permanece no mesmo patamar este ano em comparação com o passado.

MAIS DE MIL MORTOS

No relatório divulgado nesta terça (31), a OIM afirma que as três primeiras semanas de maio foram menos mortais na travessia, com 13 fatalidades registradas, o que parecia demonstrar "uma tendência que dava esperanças".

"Mas os eventos da última semana —com pelo menos 1.000 mortes— obviamente mudaram nosso entendimento. Os últimos oito dias marcam um dos períodos mais fatais na crise migratória, que está agora em seu quarto ano", escreveu a entidade.

O clima mais ameno na região e o uso de embarcações maiores são os principais motivos para o cenário trágico, diz o relatório.

"Essa é uma emergência humanitária no deserto e no mar, onde milhares estão morrendo (...) Sem o notável trabalho de muitos barcos de resgate, o número de mortes seria maior", segundo Federico Soda, da OIM em Roma, citado no relatório desta terça (31).

O texto traz ainda o relato de Stefanos, um eritreu jovem que sobreviveu a um dos naufrágios da semana passada.

"A água estava entrando no barco, mas tínhamos uma bomba para tirá-la. Quando acabou o combustível da bomba, pedimos mais ao capitão do barco que estava à nossa frente [e que puxava o segundo com uma corda], mas ele disse 'não'. Neste momento, não tínhamos mais nada o que fazer: havia água por todo lado e começamos a afundar lentamente. Havia cerca de 35 mulheres e 40 crianças perto de mim: todas morreram", disse.

Travessias e mortes no Mediterrâneo - Chegadas à Europa pelo mar


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