Folha de S. Paulo


Latam anuncia suspensão de seus voos para a Venezuela

O grupo Latam Airlines, que inclui a Latam Brasil -fusão das companhias aéreas LAN (Chile) e TAM (Brasil)-, anunciou nesta segunda-feira (30) que suspenderá "temporariamente e por tempo indeterminado" seus voos para Caracas.

Segundo a empresa, a decisão foi tomada frente ao "complexo cenário macroeconômico atual que enfrenta a região". A Latam Brasil operou seu último voo entre Caracas e São Paulo no último sábado (28).

Divulgação
Avião da Latam, empresa que anunciou nesta segunda (30) a suspensão de seus voos para a Venezuela
Avião da Latam, empresa que anunciou nesta segunda (30) a suspensão de seus voos para a Venezuela

Com a medida, a Latam -maior grupo de transporte aéreo da América Latina- se soma a Gol, Air Canada, Alitalia e Lufthansa, que também suspenderam suas operações na Venezuela por não conseguirem repatriar bilhões de dólares bloqueados no país.

A companhia alemã havia sido a última a anunciar a decisão, no último domingo.

As empresas aéreas são obrigadas a vender as passagens em bolívar (moeda venezuelana), e parte deste dinheiro é usado para gastos locais, como salários de funcionários e pagamentos de taxas. O excedente, porém, precisa ser transformado em dólar para ser repatriado pelas companhias aéreas.

E é aí que ocorre o problema. Em 2012, as empresas podiam repatriar o dinheiro a uma taxa preferencial de 4,3 bolívares por US$ 1. Em 2015, o índice de conversão já havia subido para 12 bolívares por US$ 1.

Em fevereiro, quando a Gol suspendeu seus voos para Caracas, a empresa tinha R$ 351 milhões bloqueados no país. Na mesma época, a TAM tinha R$ 161 milhões retidos na Venezuela. Consultada pela Folha, a Latam não informou os números atualizados.

"As suspensões, que serão feitas de forma gradual, serão concluídas em 1º de agosto deste ano", disse o grupo, em comunicado.

Ainda segundo a nota, os passageiros com reservas para rotas que serão suspensas podem remarcar as viagens ou solicitar reembolso sem cobrança de taxas.

A loja da Latam em Caracas funcionará até o fim de julho -até lá, será dada no local assistência aos passageiros que já possuem passagem. A Latam não vendia passagens na Venezuela desde 2014.

O grupo tem hoje 85 funcionários na Venezuela, dos quais 15 faziam parte da TAM. A expectativa é que quase todos sejam dispensados.

Os trechos entre Lima e Caracas -da Latam Peru- e entre Santiago, Guayaquil (Equador) e a capital venezuelana serão suspensos até o fim de julho.

Ao contrário da Gol, a Latam não solicitou que a embaixada brasileira em Caracas fizesse gestões com autoridades venezuelanas para tentar repatriar o valor bloqueado no país.

Na última semana, a Latam Brasil se desvencilhou formalmente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria.

O grupo Latam ressaltou, porém, que a decisão é temporária -como o fez a Gol em fevereiro. "As empresas do Grupo Latam consideram a Venezuela um mercado relevante e, por isso, trabalharão para a retomada dessas operações brevemente e assim que as condições globais a permitam."

As companhias sabem que quem sai do mercado venezuelano tem poucas chances de retornar. A Air Canada, que deixou o país em 2014, tentou voltar a operar em 2015, mas teve o pedido recusado pelas autoridades militares que controlam o setor.

As saídas da Gol e da Latam favorecem a empresa privada venezuelana Avior, que opera uma rota para Manaus.


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