Folha de S. Paulo


Terceira via escolhe candidato na corrida à Casa Branca

Sob o mote "liberdade máxima, governo mínimo", com dois ex-governadores na chapa presidencial, o Partido Libertário é grato a Donald Trump e Hillary Clinton.

"Eles certamente criaram uma oportunidade para nós", diz a diretora política do PL, Carla Howell, à Folha. "É difícil achar candidatos tão ruins quanto eles."

Em termos de popularidade, ela tem razão. Em sondagem NBC/"Wall Street Journal", 47% dos eleitores afirmam que considerariam uma terceira via contra os prováveis representantes das maiores legendas dos EUA.

Em 2008, eram 38%. A impopularidade da dupla, a mais rejeitada nas últimas dez eleições, segundo pesquisas, contribui para a prostração com o bipartidarismo.

No domingo (29), os libertários escolheram Gary Johnson, que governou o Novo México de 1995 a 2003, como seu candidato à Casa Branca —seu vice será outro ex-republicano, Bill Weld.

Ao concorrer em 2012, no pleito polarizado por Barack Obama e Mitt Romney, Johnson foi o melhor dos cinco candidatos nanicos: 0,99%.

Para 2016, as projeções são mais gentis: até 10% das intenções de voto. É improvável que Johnson vire um nome de fato competitivo. Mas ele pode rearranjar o mapa eleitoral, roubando votos de eleitores desencantados com os partidos líderes.

O triatleta Johnson escalou os picos mais altos (Everest incluso) dos sete continentes e participou de cinco provas Ironman. "Não confunda sua qualidade zen com falta de colhões", dizia um perfil na revista "GQ", em 2011. "Do ângulo certo, ele parece o Harrison Ford."

HOLOFOTES

Para a corrida eleitoral, ganhou fôlego logo após Ted Cruz desistir de competir contra Trump, há um mês.

"As procuras no Google subiram 5.000%. Estimo que tenha aqui 40 mídias nacionais, em oposição às quatro [em 2012]", disse na sexta (27), início da convenção libertária, em Orlando.

Mais do que holofotes, a legenda precisa inscrevê-lo nos 50 Estados americanos. Já em 32, o partido garante que será o único da terceira via a cobrir todo o país.

O mágico ateu Penn Jillette mediou debate entre pré-candidatos, em Las Vegas, que serviu de boa introdução para a plataforma libertária: menos impostos, menos regulações e menos guerra.

Na economia, defende o livre mercado. No campo moral, é a favor da legalização do aborto e das drogas.

A "mão pesada" do Estado é esperada dos democratas, mas vem de Trump também, diz Johnson.

"Ele fala que vai construir um muro e deportar imigrantes. Isso é 'governão'. Essas pessoas pegam trabalhos que americanos não querem."

"Queremos simplesmente abrir as fronteiras", ratifica Howell à Folha.

Num debate prévio, ele sugeriu que confeiteiros não podem, "por motivos religiosos", recusar bolos de casamento para casais LGBT.

O rival Austin Petersen provocou: "Não deveríamos ser livres para discriminar?".


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