Folha de S. Paulo


Trump alcança número de delegados para ser candidato republicano

Sondagem da agência de notícias Associated Press com membros do Partido Republicano que escolherão o candidato à Casa Branca mostra que o empresário Donald Trump já tem a seu favor 1.239 delegados –dois a mais do que os 1.237 necessários para disputar a Presidência pelo partido.

O levantamento, divulgado nesta quinta (26), foi feito com os 109 delegados (representantes do partido) que, segundo regras de seus Estados, votam na convenção republicana, em julho, sem precisar repetir os resultados das prévias partidárias estaduais.

A sondagem aponta que Trump tem apoio de 95 deles. Somados os obtidos nas prévias, é suficiente para selar a candidatura.

Sua provável adversária no Partido Democrata, Hillary Clinton, ainda não conseguiu sua meta e depende da rodada de prévias de 7 de junho.

Para ser ungido candidato, Trump reverteu meses de previsões desfavoráveis. Fez o mesmo para alcançar o empate técnico com Hillary nas pesquisas nacionais (na média do site Real Clear Politics, ela tem 43,8% das preferências, e ele, 42,8%).

Para receber de Barack Obama as chaves da Casa Branca, porém, suas chances são menores, segundo quem está familiarizado com o intrincado processo americano.

Nos EUA, a votação é indireta: é o Colégio Eleitoral que aponta o presidente. Por ora, Hillary leva a melhor.

ESTADOS-PÊNDULO

A eleição americana é diferente da brasileira. Primeiro, eleitores votam. O candidato a presidente que vence em cada um dos 50 Estados e no Distrito de Colúmbia (federal), então, conquista um número de votos de participantes do colégio (também chamados de delegados) que varia de acordo com o tamanho da população estadual.

Com exceção de Nebraska e Maine, todos os demais contemplam o vencedor com seu lote completo de delegados.

Por isso, para se eleger presidente, não é preciso ser o mais votado no país. É preciso ser estratégico e somar 270 dos 538 votos no Colégio Eleitoral. Pesquisas projetam que Hillary tem 201, e Trump, 164.

A princípio, parece óbvio concentrar esforços nos Estados mais populosos: Califórnia (55 delegados), Texas (38), Nova York (29) e Flórida (29). Mas parte deles é "causa perdida" para um partido.

O Texas, por exemplo, elege republicanos desde 1980, enquanto Nova York é feudo democrata há 28 anos.

O que conta, então, é o desempenho nos 11 "Estados-pêndulo", cuja preferência partidária varia a cada eleição. Juntos, eles somam 125 delegados.

Muitos deles estão sendo afetados por mudanças demográficas, sobretudo a onda latina. Em 1970, hispânicos eram nove milhões da população. Em 2014, pularam para 55,4 milhões.

O porém é que o voto nos EUA não é obrigatório, e levar o eleitor às urnas envolve um esforço para animá-lo.

O diretor do Clacls (centro de estudos latino-americanos) na Universidade da Cidade de Nova York, Laird Bergad, projeta que 13,6 milhões de 28 milhões de potenciais eleitores dessa comunidade (cidadãos acima de 18 anos) votarão em 2016.

Para Bergad, a Flórida é o pote de ouro. Seu eleitorado votou no futuro presidente em 9 das últimas 10 eleições: quatro vezes em democratas, cinco em republicanos. E o voto latino cresce ali: de 9,2% em 1996 para 17,3% em 2012.

-

Hillary x Trump - Candidatos precisam de vitória em Estados sem tendência partidária definida

-

As preferências partidárias também estão em mutação.

A nova geração de cubanos-americanos (influentes e mais inclinados aos republicanos), diz o professor, "não está amarrada às posições conservadoras dos pais e avós". "Um republicano não pode ganhar sem a Flórida, e não ganha a Flórida sem os latinos. Não vejo como Trump pode se dar bem entre eles."

O magnata acenou a esse eleitorado com frases como "amo tacos!", mas seu discurso anti-imigração atrapalha. Poderia reduzir o dano investindo na Pensilvânia, outro Estado-pêndulo de peso.

Ali, Hillary tem 47%, e Trump, 42%, segundo o Real Clear Politics, mas perdeu peso ao defender a energia limpa. A indústria carvoeira é grande empregadora local.


Endereço da página:

Links no texto: