Folha de S. Paulo


Hillary não tinha permissão para usar e-mail pessoal, diz relatório dos EUA

O inspetor-geral do Departamento de Estado dos EUA criticou de forma dura o uso feito por Hillary Clinton, virtual candidata democrata à Casa Branca, de um servidor de e-mail privado quando era secretária de Estado americana (2009-2013), afirmando que ela não buscou permissão para utilizá-lo e que não a teria recebido se tivesse pedido.

Em um relatório entregue ao Congresso nesta quarta (25), o inspetor-geral diz que Hillary "tinha a obrigação de discutir o uso de uma conta de e-mail pessoal para questões profissionais" com autoridades responsáveis por lidar com registro de dados e com segurança, mas que não foi encontrada "nenhuma evidência" de que ela tenha feito isso.

Robyn Beck - 24.mai.2016/AFP
Virtual candidata democrata, Hillary Clinton, participa de evento de campanha em Los Angeles
Virtual candidata democrata, Hillary Clinton, participa de evento de campanha em Los Angeles

O relatório, assim como uma investigação do FBI (polícia federal americana) e outras ações legais que buscam informação sobre o servidor usado por ela, certamente manterá viva uma controvérsia que obscureceu a campanha de Hillary à Presidência. Todos eles chegaram a seu ápice enquanto ela está perto de derrotar o senador Bernie Sanders para conquistar a candidatura do Partido Democrata.

Hillary e seus assessores subestimaram a sindicância, dizendo que cooperariam com os investigadores para superar o caso. Apesar disso, por meio de seus advogados, ela rejeitou ser entrevistada pelo inspetor-geral do Departamento de Estado como parte da revisão feita por ele. Da mesma forma agiram vários de seus assessores graduados.

Um porta-voz de Hillary não respondeu a um pedido de comentário feito pelo jornal "The New York Times".

O relatório também critica amplamente o Departamento de Estado, dizendo que autoridades "foram lentas em reconhecer e em gerenciar de forma efetiva os requisitos legais e os riscos de ciberssegurança" surgidos na era dos e-mails, particularmente de autoridades como Hillary.

O documento afirma que "a fraqueza sistêmica de longa data" no manejo de registros eletrônicos "foi bem além do mandato de qualquer secretário de Estado". A parte central do relatório, porém, teve como foco os 30 mil e-mails que Hillary enviou e recebeu em seu servidor privado.

O informe não se aprofunda na questão-chave da investigação do FBI —as referências em dezenas de e-mails à informação confidencial, incluindo 22 emails que a CIA considerou "ultrassecretos".

Mas questiona o risco de segurança de usar um servidor privado para o que claramente eram discussões sensíveis sobre a política externa do país. O documento pontua que Hillary recebeu e mandou a maioria de seus e-mails de seu celular Blackberry.

Autoridades de segurança e de manejo de dados disseram ao gabinete do inspetor-geral que "Hillary nunca lhes demonstrou que seu servidor privado ou aparelho de celular respeitavam os requerimentos mínimos de segurança de informação", diz o relatório.

O documento também revela uma tentativa de invasão ao servidor de Hillary em 2011.

Segundo o informe, um assessor do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) informou o departamento sobre a necessidade de fechar o servidor porque "alguém tentava hackeá-lo".

O ataque continuou posteriormente, fazendo uma funcionária escrever a dois dos principais assessores de Hillary, Cheryl Mills e Jake Sullivan, para alertá-los a não enviar nenhuma mensagem "sensível". Ela disse que "daria mais informações pessoalmente".

TRUMP

Em comício na Califórnia, Trump usou o relatório para reforçar as críticas à credibilidade da adversária, um ponto fraco de Hillary nas pesquisas de opinião, e voltar a chamá-la de "trapaceira".


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