Folha de S. Paulo


EgyptAir recua e diz que destroços não foram encontrados; buscas continuam

As buscas pelo Airbus A320 da EgyptAir, que caiu na madrugada desta quinta (19) no mar Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo (56 passageiros, 7 tripulantes e 3 agentes de segurança), continuam depois de ter se revelado falsa a informação de que destroços da aeronave haviam sido encontrados. O avião fazia a rota entre Paris e Cairo.

Segundo o vice-presidente da companhia, Ahmed Adel, as equipes de busca perceberam que os destroços não eram do Airbus quando se aproximaram deles no mar Mediterrâneo. Previamente, Adel havia afirmado à rede de TV CNN que os objetos encontrados eram do avião.

Adel afirmou que a EgyptAir não está envolvida nas buscas e recebe suas informações de autoridades gregas e do Exército egípcio.

Antes do recuo do representante da companhia, a informação já havia sido negada pela Grécia, que, juntamente com Egito e França, participa das operações de resgate em uma ampla área ao sul da ilha grega de Creta.

O chefe da Comissão de Segurança Aérea e de Investigação de Acidentes Aéreos da Grécia, Athanassios Binis, afirmou à TV estatal ERT: "Uma análise [dos itens] descobertos mostrou que não pertencem a uma aeronave".

Avião desaparecido

De acordo com autoridades gregas, todos os supostos destroços localizados até agora foram vistos a partir de aviões egípcios.

As declarações de Binis foram feitas depois de o Ministério de Avião Civil do Egito ter dito que "material flutuante", incluindo coletes salva-vidas e itens plásticos, tinha sido encontrado na área costeira da ilha grega de Karpathos, perto do local da queda do avião do voo 804.

À TV BFM, o enviado do Egito à França, Ehab Badawy, afirmou: "Tudo que direi é que nossa embaixada em Atenas nos disse que foi contatada por autoridades gregas que indicaram ter encontrado destroços brancos e azuis correspondendo às cores da EgyptAir".

Autoridades de Defesa da Grécia negaram, porém, que tivessem localizado material azul e branco. "Não localizamos tais objetivos", disse um porta-voz do Exército grego à Reuters.

Origem dos passageiros

HIPÓTESE DE TERRORISMO

O ministro da Aviação Civil do Egito, Sherif Fathi, afirmou nesta quinta ser "mais forte" a possibilidade de que um ataque terrorista tenha causado a queda do avião do que um acidente aéreo.

Fathi, que fez a declaração após ser questionado por um jornalista durante uma coletiva, disse não querer tirar conclusões antecipadas, mas que análise preliminar aponta para o terrorismo como causa mais possível.

Alexander Bortnikov, chefe da principal agência de segurança doméstica da Rússia, afirmou: "É muito provável que foi um ataque terrorista".

Editoria de arte/Folhapress
Avião Airbus A320

Lisa Monaco, conselheira de Segurança Interna e de Contraterrorismo dos EUA, foi a responsável por passar informações sobre o caso ao presidente Barack Obama, disse a Casa Branca.

Previamente, o presidente da França, François Hollande, havia confirmado a queda do voo, afirmando que nenhuma hipótese poderia ser descartada, incluindo um acidente ou um ato terrorista.

"Quando soubermos a verdade, precisaremos tirar todas as conclusões", afirmou, no Palácio do Eliseu, em Paris. "Nesse momento, devemos priorizar a solidariedade em relação às famílias."

De acordo com o ministro da Defesa da Grécia, Panos Kammenos, o voo fez movimentos bruscos e teve perda repentina de altitude pouco antes de desaparecer dos radares, logo depois de ter entrado entre 16 e 24 km dentro da área de controle aéreo sob responsabilidade egípcia, com altitude de 37 mil pés (11.277 metros).

"Ele virou 90 graus à esquerda, então 360 graus à direita, caiu de 38 mil pés (11.582 metros) para 15 mil pés (4.572 metros) e então desaparecer a 10 mil pés (3.048 metros)", disse Kammenos.

Cronologia acidente

Com base nessas informações, John Goglia, um ex-membro da Comissão de Segurança de Transporte Nacional dos EUA, afirmou que uma bomba, mais do que uma falha estrutural ou mecânica, pode ter causado a queda.

"Considerando o fato de que [o piloto] fez esses movimentos bruscos sem enviar nenhum pedido de ajuda indicaria, para mim, que algo catastrófico aconteceu, como um aparato explosivo."


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