Folha de S. Paulo


Contra terrorismo, EUA e potências admitem armar governo da Líbia

Estados Unidos, Alemanha, França, China e Rússia, entre outros países, anunciaram nesta segunda (16) estarem dispostos a suspender um embargo das Nações Unidas à venda de armas à Líbia, caso isso favoreça um governo de união nacional na luta contra o terrorismo.

Vinte e cinco delegações nacionais e regionais se reuniram em Viena (Áustria) para debater a situação líbia. A sanção da ONU havia sido imposta no início da revolta popular contra o regime do ditador Muammar al-Gaddafi, em 2011, para evitar que armamentos caíssem nas mãos de extremistas islâmicos.

Esam Omran Al-Fetori/Reuters
Mercado de frutas e vegetais em Benghazi, na Líbia
Mercado de frutas e vegetais em Benghazi, na Líbia

No entanto, o país mergulhou no caos e na guerra civil desde a morte de Gaddafi, naquele mesmo ano. O embargo hoje é repetidamente violado, e o caos abriu espaço para que a facção terrorista Estado Islâmico conquistasse território e rotas de escoamento de petróleo. Além disso, a costa da Líbia passou a ser utilizada como rota de atravessadores que levam migrantes à Europa pelo mar Mediterrâneo.

Hoje, o novo governo líbio, no poder há um mês e meio e apoiado pela ONU, demanda autorização para importar armas, tanques, jatos e helicópteros para lutar contra o EI.

"Um pedido foi feito a nós e obviamente ele será discutido e passará pela ONU", disse o secretário de Estado americano, John Kerry. Ainda que o armamento da Líbia tenha que ser "cuidadosamente planejado", afirmou Kerry, "todos nós apoiamos o fato de que, se você tem um governo legítimo e ele está lutando contra o terrorismo, esse governo legítimo não pode ser feito prisioneiro, ou vitimizado, por conta de uma ação da ONU".

O novo governo da Líbia tem sede em Trípoli e é liderado pelo primeiro-ministro Fayaz Seraj, que também participou do encontro em Viena. Ainda que tenha apoio da comunidade internacional, Seraj tem sua autoridade contestada por parte do Parlamento líbio, sediado em Tobruk, no leste do país.

Segundo o jornal britânico "The Guardian", outro objetivo da reunião em Viena foi o de tentar convencer os Emirados Árabes Unidos e o Egito a retirar seu apoio às forças do general Khalifa Haftar, líder militar baseado em Tobruk que se recusa a reconhecer o governo de Seraj.

"Temos um grande desafio na luta contra o EI. Não estamos falando de uma intervenção internacional, mas de ajuda para treinar e equipar nossas tropas", disse Seraj a jornalistas. Estima-se que de 3.000 a 5.000 militantes do Estado Islâmico vivam hoje na Líbia.


Endereço da página:

Links no texto: