Folha de S. Paulo


Líder das Farc chama Álvaro Uribe para diálogo sobre paz na Colômbia

O líder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rodrigo Londoño, convidou o ex-presidente e senador Álvaro Uribe para encontro sobre o processo de paz do grupo armado com o governo colombiano.

Ex-aliado —e agora adversário— do presidente Juan Manuel Santos, Uribe é um dos principais opositores às negociações. Em 9 de maio, ele convocou uma resistência civil contra o acordo de paz.

4.abr.2016/AFP
O senador e ex-presidente Álvaro Uribe participa de um protesto contra Juan Manuel Santos em Medellín
O senador e ex-presidente Álvaro Uribe participa de um protesto contra Juan Manuel Santos em Medellín

Em carta publicada no site das Farc no sábado (15), o guerrilheiro, conhecido como Timochenko ou Timoleón Jiménez, criticou o ex-mandatário, que considera os acordos uma traição à pátria.

"Não é justo concluir com tanta desfaçatez que os acordos alcançados sem sua presença constituem uma traição à pátria, nem cabe continuar alimentando na mente da população o rancor e os desejos de vingança", disse.

"Quanto sangue, lágrimas e desolação foram derramados devido a convocações similares a que o senhor vem fazendo. É fácil incitar a violência dos bairros ricos quando os mortos caem nos campos e são filhos de anônimos".

Para Timoleón Jiménez, todas as forças políticas devem participar do que chamou de reordenação do país. "Estenda sua mão, assim como estendemos a nossa. Precisamos deixar os orgulhos para trás para chegar à paz".

Uribe ainda não respondeu a carta. Ele lançou a resistência dias antes de o governo e as Farc assinarem um acordo para que o pacto de paz vire parte da Constituição e uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas).

As duas iniciativas blindam o acordo final de duas maneiras. O governo que quiser tentar romper o acordo teria que fazer uma Assembleia Constituinte na Colômbia e ainda poderia sofrer sanções internacionais.

MENORES

Neste domingo (15), o governo e as Farc concordaram em dar anistia a todos os adolescentes de 14 a 18 anos que entraram nas filas da guerrilha e não tenham cometido crimes considerados graves.

A guerrilha se comprometeu ainda em retirar gradualmente todos os menores de suas tropas. Os adolescentes passarão por um programa educativo e de inclusão social.

Segundo o Registro Nacional de Vítimas, 8.942 pessoas foram recrutadas pelas Farc e outros grupos armados quanto tinham menos de 18 anos.


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