Folha de S. Paulo


Justiça argentina pede ajuda do Brasil para investigar offshores de Macri

A Justiça argentina pediu a colaboração do Brasil, do Reino Unido, do Uruguai e da Irlanda para investigar o envolvimento do presidente Mauricio Macri em empresas offshores.

Além de dados societários e financeiros de Macri, foram solicitadas informações do pai do mandatário, Franco, e de dois de seus irmãos, Gianfranco e Mariano, relativas aos anos de 2012, 2013 e 2014.

Argentinian Presidency/AFP
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, discursa na Casa Rosada na última segunda-feira (9)
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, discursa na Casa Rosada na última segunda-feira (9)

O juiz federal Sebastián Casanello quer saber se há vínculos entre o chefe de Estado e as companhias Faxchase Trading, Sideco Americana, Fleg Trading Limited, Global Collection Services e Owners Do Brasil Participações.

Casanello já havia demandado a colaboração do Panamá e de Bahamas para saber qual a real ligação entre Macri e outras duas offshores.

O Banco Central da Argentina também recebeu uma solicitação para que peça a todas as entidades financeiras do país informações sobre as contas bancárias nas quais o presidente aparece como titular ou dependente desde o começo deste ano.

Em abril, a investigação internacional "Panama Papers", sobre documentos vazados de um escritório panamenho de advocacia que intermediou a abertura de offshores para estrangeiros, incluiu o nome de Macri entre os de diretores das duas companhias.

O presidente afirma que nunca declarou as empresas entre seus bens por não ter ativos das sociedades nem haver recebido pagamento delas. Segundo a Casa Rosada, Macri foi designado "ocasionalmente" diretor das offshores por elas serem de propriedade de sua família.

Os advogados de Macri pediram à Justiça uma "declaração de certeza" —documento que juízes podem emitir após checarem a veracidade de informações.

Nesta terça-feira (10), no lançamento de um programa criado para dar mais transparência à Justiça, o dirigente pediu para que magistrados trabalhem "para que não haja impunidade".

Na semana passada, ele afirmara ser muito bom que o juiz Casanello solicitasse informações adicionais a outros países.

"Ele tem que fazer todas as requisições que considera necessárias para confirmar se o que eu digo é verdade ou não. Isso é atuar em um país onde a Justiça trabalha de forma independente."


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