Folha de S. Paulo


Chavismo acusa oposição de fraudar firmas de referendo contra Maduro

A comissão indicada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesta segunda-feira (9) seus adversários de fraudarem as assinaturas da primeira etapa do referendo para revogar o mandato do líder.

A acusação é feita enquanto o Conselho Nacional Eleitoral analisa as firmas entregues pela coalizão Mesa de Unidade Democrática. A oposição afirma ter conseguido o apoio de 1,86 milhão de eleitores em todo o país.

Boris Vergara - 27.abr.2016/Xinhua
Militante da oposição participa da coleta de assinaturas para o referendo contra Nicolás Maduro
Militante da oposição participa da coleta de assinaturas para o referendo contra Nicolás Maduro

No entanto, o líder da comissão chavista, Jorge Rodríguez, diz que 11% das planilhas apresentadas pelos opositores têm algum tipo de irregularidade ou estão incompletas, o que não é permitido pelo órgão eleitoral.

Dentre os exemplos, ele cita assinaturas de pessoas nascidas em 1908 e 1915, o que considerou uma tentativa dos opositores de enganar as autoridades. Se estiverem vivos, os signatários citados teriam 108 e 101 anos.

"Começamos a ver assinaturas sem impressão digital, nomes sem o número de identidade e, mais uma vez, mortos assinando. Não falaríamos se não tivéssemos conhecimento do que realmente está ocorrendo", disse.

Ele também diz que o referendo dificilmente ocorrerá antes de 10 de janeiro de 2017, como deseja a oposição. Depois desta data, o vice-presidente é quem assumiria o cargo em caso da revogação do mandato de Maduro.

Hoje, o cargo é de Aristóbulo Istúriz, mas o presidente pode trocar o vice sempre que quiser. A oposição teme que, em caso de referendo, Maduro substitua Istúriz pela própria mulher, Cilia Flores, para continuar governando.

O CNE disse que dará até terça o resultado da conferência das assinaturas. Para a primeira etapa, são necessárias as firmas de 1% do eleitorado —ou 195.721, em divisão proporcional entre os 23 Estados e a capital Caracas.

Caso o órgão eleitoral aceite as firmas, os signatários deverão confirmar suas impressões digitais indo aos escritórios da instituição. Em seguida, começa a coleta das assinaturas de 20% do eleitorado —ou 3.914.428 pessoas.

Se forem confirmadas as assinaturas, o órgão eleitoral convocará o referendo em 90 dias. Para que Maduro seja destituído, serão necessários mais de 7.587.533 eleitores, votação obtida pelo presidente na eleição de 2013.

PROTESTOS

Nesta segunda, a Mesa de Unidade Democrática disse que fará um protesto na próxima quarta (11) em frente ao CNE em Caracas se o órgão não se pronunciar sobre as assinaturas do referendo até terça-feira.

No mesmo dia, militantes chavistas também farão uma manifestação de apoio a Maduro e seu programa de habitação em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo que fica a 1,1 km do órgão eleitoral.

Também nesta segunda o governo prorrogou até dia 27 de maio os feriados colocados para economizar energia elétrica no funcionalismo público. Dessa forma, os servidores trabalharão apenas segunda e terça o mês inteiro.


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