Folha de S. Paulo


Macri faz acordo com empresários para impedir demissões por três meses

Na tentativa de barrar a lei que proíbe demissões na Argentina por 180 dias, o presidente Mauricio Macri fechou um acordo com executivos de grandes empresas em que elas se comprometem a não reduzirem seus quadros de funcionários por 90 dias.

O projeto de lei, apresentado pela oposição e que também fixa uma indenização dupla em caso de demissões, foi aprovado por senadores há duas semanas, no que foi a primeira derrota de Macri no Congresso. Nesta semana, o texto tramita na Câmara dos Deputados, onde o governo também não tem maioria absoluta.

Enrique Marcarian - 6.mai.2016/Reuters
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, concede entrevista coletiva na Quinta de Olivos, na sexta (6)
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, concede entrevista coletiva na Quinta de Olivos, na sexta (6)

Representantes de algumas das maiores companhias do país se reuniram na Casa Rosada nesta segunda-feira (9) e assinaram o documento em que dizem que não demitirão funcionários e que criarão projetos de investimento para aumentar o nível de emprego.

Os executivos ainda demonstraram seu apoio às políticas de Macri, cuja família é dona de um grupo empresarial que atua com construção, indústria automobilística, alimentação e coleta de lixo.

"Acreditamos que as medidas adotadas pelo governo são adequadas para encorajar a criação de emprego. Consideramos que a proposta da lei contra demissões introduz uma barreira ao trabalho, dificultando novos investimentos e gerando um efeito contrário", diz o documento que foi assinado por Arcor, JP Morgan e Fiat, entre outras.

No anúncio do acordo, Mauricio Macri responsabilizou mais uma vez sua antecessora, Cristina Kirchner, pelo desemprego.

"Temos que lembrar nosso ponto de partida. A desordem da economia, com uma inflação acumulada de 700% e um Estado sem planejamento, fez com que não se criasse emprego de qualidade nos últimos cinco anos."

Segundo o chefe de Estado, aumentar a confiança no ambiente empresarial deverá proporcionar novos investimentos e, consequentemente, mais empregos. "[Trabalho não se cria] com imposições de travas e arbitrariedades", afirmou.

O ministro de Produção, Francisco Cabrera, destacou que apenas alguns setores da economia registram redução de postos, como o da construção civil e o automotivo. No segundo caso, culpou a crise brasileira pela queda de demanda na Argentina.

De acordo com o governo, não houve uma aumento geral na taxa de desemprego nos últimos meses. Os sindicatos, no entanto, afirmam que mais de cem mil pessoas já foram demitidas desde dezembro do ano passado, o que tem causado instabilidade no governo Macri.

Às vésperas do Dia do Trabalho, milhares de argentinos se reuniram em um protesto em Buenos Aires contra as políticas econômicas adotadas, na primeira vez em que as cinco centrais sindicais do país marcharam juntas.


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