Folha de S. Paulo


Novos protestos tomam eventos de Donald Trump na Califórnia

Para fugir de um protesto contra ele, Donald Trump teve de "cruzar a fronteira".

Assim o pré-candidato republicano à Casa Branca, o mesmo que defende obrigar o México a pagar um muro anti-imigrantes entre os países, descreveu sua sensação ao despistar manifestantes à porta do hotel onde ele falaria, nesta sexta (29), em evento do partido na Califórnia.

Noah Berger/Reuters
Manifestantes derrubam grade durante protesto contra o magnata Donald Trump em comício na Califórnia
Manifestantes derrubam grade durante protesto contra o magnata Donald Trump em comício na Califórnia

É possível ver, graças a imagens aéreas captadas por uma equipe de TV num helicóptero, como Trump e seu comboio estacionam num ponto distante da entrada principal, andam pelo meio fio da estrada e usam a porta dos fundos do local.

Pesquisas dão ao magnata 45,7% dos votos no Estado, que vai às urnas na última rodada de primárias, 7 de junho. Atrás vêm John Kasich (28,3%) e Ted Cruz (18%).

Trump também é bom em atrair antipatizantes. Na noite de quinta (28), a polícia deteve 20 deles em ato em Orange County, a 60 km de Los Angeles. A foto de um jovem de rosto ensanguentado, com camiseta pró-Trump, foi publicada no Twitter. Recebera um soco, segundo a legenda.

No dia seguinte, mais grupos contrários ao empresário, do Black Live Matters (direito dos negros) ao Code Pink (feminista), se reuniram na cidade de Burlingame, que sediou o evento republicano.

Alguns manifestantes jogaram ovos orgânicos contra a barricada policial. Um rapaz com rosto coberto por bandana verde foi visto pela rede ABC golpeando uma janela, enquanto colegas tentavam dissuadi-lo.

A confusão atrasou o discurso e Trump em mais de uma hora. "Não foi a entrada no palco mais fácil que já fiz. Me senti cruzando a fronteira", disse à plateia.

O presidente estadual da legenda, Jim Brulte, criticou "algumas pessoas que não acreditam em liberdade de expressão e tentaram impedir Trump de entrar".

Até Ted Cruz ficou ao lado do adversário. "Esses manifestantes estão cruzando o limite da violência."

LEI DE TALIÃO

A hostilidade não é unilateral. Em março, um defensor de Trump borrifou um líquido em uma garota de 15 anos que protestava contra seu candidato, em Wisconsin. Ela disse que outro homem tentou agarrá-la minutos antes.

Antes, no Arizona, um homem com camisa da bandeira americana e o cartaz "Trump: ruim para a América" apanhou e foi escoltado para fora de um comício.

No mesmo dia, outro homem foi expulso. Usava um capuz branco que remetia à Klu Klux Klan. "Ele acha que é bonitinho, mas é um cara nojento", disse Trump.

Em 14 de abril, a Folha testemunhou a tensão às portas de um baile de gala republicano no qual o bilionário foi a estrela, em Nova York.

De anarquistas a militantes LGBT, dezenas marchavam contra o empresário, ignorando que ali também se esperava Cruz e Kasich.

"Alguém devia matar esse cara", berrava um homem com rosto coberto. Uma amiga o repreendeu. "Parece algo que Trump diria."


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