Folha de S. Paulo


Secretário-geral da coalizão opositora é agredido por chavistas na Venezuela

O secretário-geral da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, foi agredido nesta sexta-feira (29) por aliados do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um protesto contra a crise energética.

Torrealba estava participando do ato em frente à sede da Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) em Caracas quando cinco homens se aproximaram. Eles atiraram pedras em direção ao opositor antes de tentar contato físico.

Torrealba

O dirigente e os chavistas trocaram socos e chutes antes de serem separados por opositores que também entraram na briga. Os aliados de Maduro voltaram a atirar pedras contra seus adversários antes de deixar o local.

No Twitter, o secretário-geral da MUD brincou com a briga. "Estou bem. Nem me despentearam. Nem a militarização das cidades, nem o vandalismo dos grupos violentos conseguirá frear o protesto social legítimo e pacífico."

Depois da agressão, a coalizão opositora mostrou imagens de um homem de óculos que estava no local em diferentes protestos de chavistas contra seus adversários políticos nos últimos dias.

Agressor

O homem aparece em um protesto em frente à Assembleia Nacional, dominada pela oposição, na terça-feira (26), dia em que o Conselho Nacional Eleitoral liberou as planilhas para o referendo de revogação do mandato de Maduro.

Também há imagens do agressor em um ato chavista em frente ao órgão eleitoral em 12 de abril, quando a coalizão opositora entregou os documentos para dar início à coleta de assinaturas da consulta popular.

O diretor de Comunicações Estratégicas e Relações Institucionais da Assembleia Nacional, Oliver Branco, ainda acusou o grupo que atacou Torrealba de ser o mesmo que agride deputados e funcionários perto do Parlamento.

CORTE DE LUZ

A agressão acontece horas depois que o presidente Nicolás Maduro ameaçar cortar a luz da Assembleia Nacional, como uma das medidas para economizar energia elétrica durante a crise de fornecimento que afeta o país.

Segundo os deputados da oposição, a Corpoelec cortou suspendeu na manhã desta sexta o fornecimento de energia no Parlamento. O corte também afeta prédios vizinhos à sede do Legislativo em Caracas.

Em resposta, o presidente do Legislativo, Henry Ramos Allup, afirmou que a Assembleia vai trabalhar mesmo sem luz. "Na época de Guzmán Blanco [1829-1899] não tinha luz e o Parlamento tinha sessões do mesmo jeito", disse.

"Se vocês quiserem podem roubar a luz. Mas onde devem cortar a eletricidade são nas principais sedes da ineficiência e da corrupção: o Palácio de Miraflores, o Tribunal Supremo de Justiça e o Alto Mando das Forças Armadas".

Durante a noite, Maduro disse que pedirá ao Conselho Nacional Eleitoral a permissão para que uma comissão de políticos chavistas revise as assinaturas do referendo.

"Designei uma equipe especial para que, no momento que corresponda, revise uma a uma toda a lista de todas as assinaturas que sejam entregues por estes setores da oligarquia e da direita. Uma por uma. Para que cumpram os limites legais".

Para chefiar o grupo revisor chavista, designou o prefeito de Libertador, Jorge Rodríguez. A oposição teme que, com a revisão, o governo chavista crie uma "lista negra". Isso aconteceu em 2004, quando houve o referendo que tentou tirar Chávez da Presidência.

Maduro nega a intenção e acusou seus adversários de difamarem o deputado Luis Tascón, que revisou as assinaturas para o referendo contra Chávez. Ele pediu que os eleitores pensassem antes de assinar a lista para tirá-lo.

"O que queira se deixar confundir por incômodos circunstanciais, pense muito bem. Trata-se de ratificar um caminho que, se tem dificuldades, é o caminho da pátria. E não retroceder a caminhos já superados, quando nosso país esteve de joelhos ao império norte-americano e foi saqueado por este grupo de oligarcas que hoje controlam a Assembleia Nacional".

Nesta sexta, o diretor do CNE, Luis Emilio Rondón, disse que as pessoas que deram sua assinatura para o referendo revogatório devem comparecer às sedes regionais do órgão para confirmar as firmas. Segundo Rondón, o processo deverá ser feito por biometria.

Esta etapa acontecerá se o CNE aceitar as firmas conseguidas pela oposição. Depois da entrega, que a MUD prevê para a próxima segunda (2), o órgão terá cinco dias corridos para dar seu aceite.


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