Folha de S. Paulo


Sindicatos preparam protesto contra políticas de Macri na Argentina

As cinco centrais sindicais da Argentina se reunirão nesta sexta-feira (29) em uma manifestação contra as políticas adotadas pelo presidente, Mauricio Macri.

O dirigente vem sofrendo pressões sociais por causa da inflação (na capital, chegou a 12% no primeiro trimestre) e da onda de demissões.

Martín Zabala/Xinhua
Funcionários públcos protestam no Ministério da Modernização argentino, responsável por demissões
Funcionários públcos protestam no Ministério da Modernização argentino, responsável por demissões

Enquanto o governo afirma que não houve incrementos na taxa de desocupação, os sindicatos dizem que pelo menos cem mil pessoas perderam seus empregos desde que Macri assumiu´, em 10 de dezembro de 2015.

Essa será a primeira vez que as centrais realizam um protesto juntas. "O movimento operário está dividido há muito tempo, mas as políticas de Macri conseguiram nos unir", disse à Folha o dirigente Carlos Girotti, da CTA dos Trabalhadores.

Segundo Girotti, as entidades esperam pelo menos cem mil pessoas no ato, que antecipará o 1º de maio. As cinco centrais reúnem cerca de 2,5 milhões de trabalhadores.

As reclamações dos sindicatos contra o mandatário ganharam força nesta semana com a tramitação de um projeto de lei que proíbe as demissões no país por 180 dias.

O texto foi apresentado pela oposição e seu conteúdo foi alvo de dois discursos de Macri em dois dias.

Na quarta (27), ele pediu para que "não se apelasse à arbitrariedade, mas à inovação para resolver nosso problema de emprego".

No dia seguinte, acrescentou que a lei destrói empregos. "Já recorremos [a essa alternativa] há 12 anos [no governo de Eduardo Duhalde] e não funcionou. Por que repetir o que não funciona? Por que enganar as pessoas?"

O projeto —que ainda determina o pagamento de duas indenizações em caso de demissão sem justa causa— foi aprovado na quarta (27) no Senado com 48 votos a favor e 16 contra. Foi a primeira derrota do presidente no Congresso Nacional.

Mesmo não tendo a maioria absoluta em nenhuma das casas, o governo vinha conseguindo formar alianças políticas para passar seus projetos. Em março, aprovara com ampla maioria o pagamento dos fundos abutres.
Desta vez, Macri não repetiu o êxito.

Agora, o dirigente fará o que pode para que o projeto contra as demissões não passe na Câmara dos Deputados, pois não quer ser obrigado a vetá-lo, o que prejudicaria sua imagem.

Apesar das manifestações desta semana, Macri continua com uma aprovação alta. Uma pesquisa realizada neste mês pela Giacobbe & Associados aponta uma popularidade de 60% —dez pontos a menos do que na época em que foi eleito.

"Macri ainda está bem, e os sindicatos, durante a campanha, concordaram com os ajustes que seriam feitos. Eles não vão bater de frente com o presidente, mas precisam fazer um teatro para seus afiliados, que estão se queixando da inflação", disse à Folha o analista político Jorge Giacobbe.


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