Folha de S. Paulo


Leões resgatados de circos estão a caminho do "paraíso" na África

Nove leões resgatados de circos na Colômbia estão em um voo que partiu de Bogotá, nesta sexta-feira (29), a caminho da capital peruana.

Em Lima, outros 24 leões recuperados de circos serão embarcados. O destino é uma feliz aposentadoria na África.

A entidade Animals Defenders International (Defensores Internacionais de Animais), que participou dos resgates, faz desde 2015 uma campanha para financiar a viagem: são necessários US$ 10 mil (R$ 35 mil) por cada um dos leões só de passagem aérea.

Segundo a ONG, o transporte aéreo dos felinos, originalmente previsto para outubro, é o maior do tipo já realizado.

O voo de carga com os 33 leões deve fazer uma rápida parada para reabastecimento em São Paulo. Em seguida, os leões seguirão para um santuário de felinos ao norte de Johannesburgo.

A ONG, que investiga maus-tratos de animais no setor de entretenimento e lançou no passado a campanha "Acabe com o sofrimento no circo", descreve a viagem como sair "do inferno" a caminho de "uma aposentadoria sob o sol africano".

"Esses leões sofreram o inferno na terra e agora voltam para casa para o paraíso. Esse é o mundo desejado para esses animais pela natureza", disse Jan Creamer, presidente da ONG, em comunicado.

A vida dos 33 animais, de fato, não foi fácil até aqui. "Quase todos os leões resgatados foram mutilados para extração das garras, um perdeu um olho [o leão Ricardo], outro está quase cego [Joseph] e muitos têm dentes quebrados", disse a entidade.

Os leões serão levados para o santuário Emoya Big Cat, em uma propriedade privada de 5.000 hectares situada em uma província ao norte de Johannesburgo. Segundo a ONG, a área de proteção que receberá os leões é fechada ao público e não terá como objetivo a reprodução dos bichos.

Nem todos os leões, no entanto, estão seguros na África do Sul. O país admite a prática do "canned hunting" (caça enlatada) para animais nascidos em cativeiro.

Nesse mercado, leões nascidos e criados em fazendas são vendidos quando adultos a estrangeiros, que os perseguem e matam em áreas delimitadas —de modo que não possam fugir— com armas de fogo ou mesmo com arco e flecha. A prática é popular pois o custo do "canned hunting" é bem menor que o de uma licença de caça esportiva de animais selvagens.


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