Folha de S. Paulo


Presidente da Câmara sob Bush é condenado à prisão em caso de abuso

O ex-presidente da Câmara de Representantes (deputados) dos Estados Unidos Dennis Hastert foi condenado nesta quarta-feira (27) a 15 meses de prisão por um crime financeiro relacionado ao abuso sexual de adolescentes. Hastert foi condenado ainda a dois anos de liberdade condicional, além de um tratamento para agressores sexuais.

Jim Young/Reuters
O ex-presidente da Câmara dos EUA Dennis Hastert, condenado em caso de abuso sexual de menores
O ex-presidente da Câmara dos EUA Dennis Hastert, condenado em caso de abuso sexual de menores

Os abusos aconteceram antes de ele se tornar político, quando Hastert era professor e treinador esportivo na escola de Ensino Médio Yorkville, perto de Chicago, entre os anos 1960 e 1980.

Embora as acusações pelo delito já tenham prescrito, o ex-congressista respondeu por violar legislação financeira.

Ao proferir a sentença, o juiz Thomas Durkin, responsável pelo caso, chamou Hastert de agressor sexual em série. Isso justifica que ele tenha sido condenado a mais tempo de que os seis meses pedidos pela promotoria.

O ex-presidente da Câmara se declarou culpado de ter violado as leis bancárias para pagar pelo silêncio de vítimas de abusos sexuais e de mentir para o FBI, a Polícia Federal dos EUA, sobre eles.

Em 2007, Hastert renunciou ao cargo de presidente da Câmara de Representantes, o qual ocupava desde 1999. Sua saída se relacionou com o escândalo provocado pelo envio de mensagens de sexo explícito por outro congressistas, Mark Foley, para e-mails de adolescentes, ou de auxiliares de escritório do Congresso. Durante seu período na Casa, Dennis Hastert votou contra leis pelo reconhecimento dos direitos dos homossexuais.

PROCESSO FINANCEIRO

Além de ter sido condenado à prisão, Hastert também enfrenta um processo financeiro.

Um ex-aluno do ex-congressista republicano entrou com uma ação de US$ 1,8 milhão na segunda-feira (25), alegando ter sido vítima de abuso sexual aos 14 anos.

O valor é o resíduo de um acordo de US$ 3,5 milhões, descumprido por Hastert para encerrar a acusação sobre o abuso que teria cometido há três décadas.

Os promotores federais garantem que os abusos de Hastert foram generalizados, e há conhecimento de impressionantes detalhes de ações contra pelo menos cinco crianças durante o período que Hastert esteve na instituição.

Apresentada na corte do condado de Yorkville, a última ação afirma que Hastert "violou a confiança especial" nele depositada pela suposta vítima e praticou "abuso de menores" e "agressão com fins sexuais em um quarto de hotel", durante um viagem para uma competição de luta livre.

Como resultado, o demandante relatou que, "durante muitos anos, sofreu graves ataques de pânico". Esses ataques levaram-no a "períodos de desemprego, mudanças de carreira, episódios de depressão, internação psiquiátrica e tratamentos psicológicos prolongados", segundo o documento judicial.

Os advogados de Hastert não quiseram comentar o caso.

Segundo o Ministério Público, entre 2010 e 2014, Hastert ofereceu US$ 1,7 milhão ao ex-aluno, um pouco menos do que metade da quantia acordada, em pagamentos regulares que se paralisaram quando o FBI começou a investigar esses pagamentos incomuns.


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