Folha de S. Paulo


Se sair da União Europeia, Reino Unido vai para "fim da fila", diz Obama

Alastair Grant/Associated Press
President Barack Obama and his wife first lady Michelle Obama are greeted by Britain's Queen Elizabeth II and Prince Phillip after landing by helicopter at Windsor Castle for a private lunch in Windsor, England, Friday, April, 22, 2016. (AP Photo/Alastair Grant Pool) ORG XMIT: TH117
Obama e sua mulher, Michelle, são recebido pela rainha Elizabeth 2ª e seu marido, príncipe Phillip

Em Londres, a dois meses do referendo que decidirá se o Reino Unido permanece na União Europeia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um apelo, nesta sexta-feira (22), para que os britânicos sigam como parte integrante do bloco.

Após se reunir com o primeiro-ministro, David Cameron, que lidera a campanha pelo "sim" à permanência, Obama disse que o país "irá para o final da fila" das negociações comerciais com os Estados Unidos se deixar o grupo de 28 países.

A declaração é uma resposta a defensores da saída britânica do bloco, que afirmam que o Reino Unido poderia facilmente fechar seu próprio acordo comercial com os EUA. Hoje a UE negocia um acordo com Washington.

"Possivelmente haverá um acordo comercial entre Reino Unido e EUA, mas isso não ocorrerá por agora porque nosso foco está em negociar com um grande bloco, a União Europeia. (...) O Reino Unido irá para o final da fila", disse, ao lado de Cameron.

O americano ainda afirmou que a influência e o poder britânicos foram "ampliados" por sua participação no bloco, e que, por isso, os EUA querem que o Reino Unido, "um de seus melhores amigos", permaneça no grupo.

AMIGOS

Na sua última viagem à ex-metrópole antes de sair da Casa Branca, em janeiro de 2017, Obama negou as acusações da direita britânica de que estaria interferindo no processo. "Uma parte de sermos amigos consiste em ser sincero um com o outro", disse.

Pouco antes, o primeiro-ministro britânico defendeu que "se ouçam os amigos" e afirmou que não poderia imaginar nenhum aliado próximo desejando o Reino Unido fora da União Europeia.

"Nesse tema vital de comércio, sobre o qual Barack deu uma declaração tão clara, nós precisamos lembrar por que estamos negociando atualmente o maior acordo econômico em todo o mundo e o maior da história, entre a União Europeia e os EUA", disse Cameron.

A ideia da amizade também estava no artigo que Obama escreveu para o jornal britânico "The Telegraph", publicado nesta sexta. Sob o título "Como seu amigo, me deixe dizer que a União Europeia tornou o Reino Unido ainda maior", Obama disse que o resultado do referendo é de "grande interesse" dos EUA.

"Ele [Obama] disse que é do interesse americano que o Reino Unido fique na UE, mas o que é bom para os políticos americanos não é necessariamente bom para o povo britânico", respondeu o ministro da Justiça, Dominic Raab.

Ele ainda usou o argumento de Obama de que é preciso fazer "esforços para prevenir ataques terroristas" para defender a saída da UE.

"O presidente disse que a imigração descontrolada na UE é uma ameaça à segurança nacional. Concordo —por isso é mais seguro retomar o controle para podermos impedir que suspeitos de terrorismo venham da Europa para o Reino Unido", afirmou Raab.

Obama também disse que, como parte da parceria entre os dois países no Oriente Médio, é preciso "continuar o combate ao Estado Islâmico até que ele seja destruído".

Antes do encontro com Cameron, Obama e a primeira-dama, Michelle, almoçaram com a rainha Elizabeth 2ª, que completou 90 anos nesta quinta (21), no Castelo de Windsor. No final do dia, o casal foi ao Palácio de Kensington visitar o príncipe William e Kate Middleton —mas quem roubou a cena foi o pequeno príncipe George, 2.


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