Folha de S. Paulo


Obama e rei saudita discutem relações tensas e conflitos no Oriente Médio

O presidente dos EUA, Barack Obama, reuniu-se nesta quarta-feira (20) com o rei da Arábia Saudita, Salman, para tentar uma ação conjunta em relação às ameaças de segurança, incluindo o Irã e o Estado Islâmico.

Os dois também conversaram sobre as tensões que permeiam a relação entre os dois países aliados e que foram reveladas em semanas recentes.

A quarta e provável última visita de Obama ao maior exportador de petróleo mundial foi obscurecida pela exasperação do Golfo árabe com sua abordagem para a região e com as dúvidas sobre o compromisso de Washington com sua segurança.

De forma privada, a maior parte das monarquias do Golfo expressam sua grande decepção com a Presidência de Obama, considerando-a um período em que os EUA se afastaram da região, dando mais espaço para seu arquirrival Irã expandir sua influência.

Obama reuniu-se por duas horas com Salman e um grupo de importantes príncipes e autoridades no opulento palácio Erga, um encontro que, previa-se, seria incômodo.

Recentemente o líder americano foi citado em uma entrevista a uma revista americana comentando sobre a "complicada" natureza da relação entre os EUA e a Arábia Saudita e afirmando que alguns dos Estados europeus e do Golfo pedem ação americana, mas não fazem o suficiente.

De acordo com a Casa Branca, os líderes falaram sobre uma série de conflitos regionais em que há divergências entre os dois e também exploraram as preocupações americanas sobre as questões de direitos humanos sauditas.

"Os dois líderes reafirmaram a amizade histórica e a profunda parceria estratégica entre os EUA e a Arábia Saudita", disse a Casa Branca em um comunicado.

Obama falou sobre seu desejo de persuadir os Estados do Golfo a chegar a uma "paz fria" com o Irã que extinguiria as tensões sectárias e permitiria a todos os lados se concentrar no Estado Islâmico, que apontou como uma ameaça maior.

O presidente dos EUA elogiou a promessa do rei de enviar ajuda humanitária ao Iêmen depois de uma campanha militar liderada pelo reino.

Também abordou a necessidade de ajudar partes do Iraque mais atingidas pelo combate com o Estado Islâmico.

Os dois também conversaram sobre a necessidade de reforçar o cesse de hostilidades entre o governo sírio e as forças de oposição e sobre seu apoio a uma transição política no país afetado pela guerra, declarou a Casa Branca.

A Casa Branca não informou se os líderes discutiram um projeto de lei proposto pelo Congresso americano que, se aprovado, poderia responsabilizar o reino por qualquer papel nos ataques do 11 de Setembro de 2011.

O ataque foi planejado pela Al Qaeda, então baseada no Afeganistão. Dos 19 sequestradores, 15 eram sauditas, embora nenhuma investigação americana tenha encontrado evidências de que o governo saudita tenha apoiado os ataques.

Obama disse que se opõe ao projeto de lei porque ele poderia expor os EUA a processos judiciais de cidadãos de outros países.


Endereço da página:

Links no texto: