Folha de S. Paulo


Trump e Hillary vencem primárias republicana e democrata em NY

Como funcionam as eleições americanas

Otimistas eles estavam, mas nem o republicano Donald Trump nem a democrata Hillary Clinton esperavam ganhar tantos votos em Nova York, na primária realizada nesta terça (19), em mais uma etapa para definir os candidatos dos respectivos partidos.

Em discurso de vitória na Trump Tower, o dono do prédio disse que "nem em imaginação mais fértil" estimava ganhar 60,4% dos votos, quatro vezes mais do que o principal rival, Ted Cruz (14,5%), que perdeu também para John Kasich (25,1%). Pesquisas indicavam que ele teria oito pontos a menos.

Ele levou a maioria dos 95 delegados em jogo. Com 99% das urnas apuradas, garantiu 89.

Já Hillary superou Sanders por 58% a 42% e ganhou ao menos 139 dos 247 delegados, fora 33 superdelegados —na convenção que apontará o candidato, os primeiros votam segundo as urnas; os últimos são a cúpula do partido, livres para escolher (e geralmente a escolhem).

Os favoritos das duas legendas se fortalecem para a próxima rodada de prévias.

Na Pensilvânia, principal dos cinco Estados que votarão em seis dias, segundo pesquisa da Fox News, Trump tem 48% da preferência, contra 22% de John Kasich e 20% de Cruz. Hillary venceria Sanders por 49% a 38%.

À ex-secretária de Estado importava marcar território ante o rival, adepto do discurso de que a maré estava a seu favor após vencer oito embates seguidos até NY.

"Há essa percepção de que o povo quer Sanders, mas o partido quer Hillary", diz David Birdsell, da Universidade da Cidade de Nova York, ao site Politico.

Não é verdade. Mesmo antes de Nova York, Hillary somava mais delegados e superdelegados (1.289 e 469) do que o oponente (1.045 e 31).

O senador por Vermont empolgou multidões e disparou e-mails dizendo que êxito seu seria um "abalo chocante".

UNIÃO DO PARTIDO

Mas Hillary é boa de voto no Estado, que a elegeu duas vezes para o Senado e lhe deu 17 pontos sobre Barack Obama em 2008. "Esta [primária] era pessoal", disse.

O desafio, agora, é unificar a legenda em torno de sua cada vez mais provável nomeação. Mas um em cada quatro eleitores de Sanders se recusa a votar nela, segundo pesquisa da McClatchy-Marist, o que pode ser um problema na eleição presidencial, em novembro. O vice-versa é mais generoso: só 14% dos que a apoiam não o endorsariam.

Após tomar um sorvete Trump e beber o drinque "Martíni Bilionário" no Trump Bar, a chinesa Ly Qi, 55, se derrete. "Amo Donald!"

Pouco antes, o morador mais célebre da Trump Tower falava da emoção de votar nele mesmo. "Quem teria imaginado?" Não os caciques republicanos, há dez meses, quando ele lançou a candidatura.

Visto agora como ameaça, Trump precisava "humilhar" Cruz "para se estabelecer como líder disparado", diz Wendy Schiller, da Universidade Brown.

Qi, chinesa com greencard (portanto, duplo alvo do discurso do bilionário), prova que seu eleitorado é eclético. "Imigrantes o odeiam porque querem tudo de graça. Trump diz que é necessário trabalhar."

Votos na convenção partidária dos Democratas -

Votos na convenção partidária dos Republicanos -


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