Folha de S. Paulo


Por medo de réplicas, equatorianos passam 3ª madrugada fora de casa

Por medo de réplicas, moradores das cidades mais afetadas pelo terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o Equador no último sábado (16) passam a terceira madrugada dormindo fora de suas casas.

Segundo o governo, 480 pessoas morreram e mais de 2.000 ficaram feridas até o momento.

A reportagem da Folha chegou por volta das 2h locais (4h em Brasília) a Manta, cidade turística que registrou mais de cem mortos.

No centro da cidade e no setor turístico, famílias inteiras armaram redes e colchões para dormir fora de suas casas devido ao risco de novas réplicas e desabamentos, em alguns casos perto de escombros das fachadas dos imóveis.

Mais da metade da cidade continua sem luz, incluindo o terminal rodoviário e o bairro de Tarqui, o mais afetado pelo abalo sísmico. Nos hotéis da orla, geradores mantêm funcionando as instalações, ocupadas por equipes de resgate e jornalistas.

Alguns dos membros das equipes de resgate e funcionários do governo dormem em carros, ligados com ar-condicionado devido ao calor de mais de 30ºC, e em sacos de dormir nas calçadas de Manta.

A energia começou a ser restabelecida na tarde desta segunda (18). O aeroporto da cidade, que atende toda a região afetada continua liberado apenas para voos de ajuda humanitária.

Também foi retomado o sinal de telefonia móvel e de internet. Casas e hotéis com geradores oferecem aos moradores tomadas para que recarreguem seus celulares.

Apesar do medo, o número e a intensidade das réplicas diminuiu nas últimas horas. Moradores de Manta disseram à Folha que a última mais intensa ocorreu por volta das 14h de segunda.

DOAÇÕES

A cena dos moradores dormindo nas ruas se repete em Portoviejo, a 10 km de Manta, e especialmente em Pedernales, cidade mais afetada pelo terremoto.

Na estrada de Guayaquil, maior cidade equatoriana, à província de Maiabí, a reportagem viu comboios de camionetes e caminhões trazendo ajuda humanitária e tratores para ajudar nas buscas e ambulâncias em ambos os sentidos.

O país está mobilizado em uma campanha de doações, a exemplo do que foi feito no Chile no terremoto de 2010.

As grandes emissoras de televisão colocam seus astros para pedir recursos às famílias afetadas e os estúdios para receber as doações.

Tanto em Quito como em Guayaquil há campanhas também nos aeroportos, que estão recebendo voluntários e membros de organizações humanitárias.


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