Folha de S. Paulo


Reconstrução pós-terremoto custará bilhões ao Equador, calcula governo

O presidente do Equador, Rafael Correa, já estima que a reconstrução das áreas atingidas pelo forte terremoto do último sábado (16) custará bilhões de dólares, e que os impactos econômicos da tragédia "podem ser enormes".

Pelo menos 413 pessoas morreram em decorrência do terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o litoral do país na noite de sábado. O próprio Correa afirmou, no entanto, que o número de vítimas "certamente irá aumentar, de uma maneira considerável".

Três pessoas foram retiradas com vida dos escombros de um shopping após mais de 32 horas do tremor, o que deu esperanças de que mais sobreviventes sejam encontrados nas próximas horas.

O presidente do país se deparou, nesta segunda-feira (18), com traumatizados equatorianos pedindo água.

Esse foi o maior abalo sísmico a atingir o país sul-americano desde 1979, quando um terremoto matou 600 pessoas e feriu cerca de 20 mil.

"O Equador foi atingido de maneira tremendamente dura", disse Correa. "O nosso luto é muito longo, e a tragédia é muito grande, mas nós encontraremos uma maneira de seguir adiante", afirmou.

A Cruz Vermelha da Espanha estima que 5.000 pessoas precisam de abrigo temporário e que 100 mil precisam de algum tipo de tratamento. Há mais de 2.000 feridos.

Ajuda internacional —médicos, psicólogos e equipes de busca e resgate— já chegou de países como Chile, Venezuela e Suíça. O Brasil ainda não fechou seu apoio.

Informações sobre o tremor dominavam a TV, inclusive em programas de entretenimento, que pediam doações às vítimas da tragédia.

Editoria de arte/Folhapress

Michael Henderson, da consultoria de risco Maplecroft, avalia que o Equador está menos preparado para se recuperar que o Chile, atingido por um forte terremoto em 2010, cujo estrago estimado foi de US$ 30 bilhões.

"Enquanto a economia do Chile estava se recuperando fortemente da crise financeira global, o Equador vinha diminuindo o ritmo com os preços mais baixos do petróleo."

O setor de energia, importante na economia do país, parece ter escapado dos estragos do terremoto, apesar de a principal refinaria ter sido fechada por precaução.

Ainda assim, exportações de bananas, flores, peixes e sementes de cacau podem ser prejudicadas por estragos em estradas e atrasos nos portos.

DESTRUIÇÃO

O terremoto causou destruição nas províncias de Esmeraldas, Santa Elena, Manabí, Los Rios e Guayas, que inclui a maior cidade do país, Guayaquil. Houve danos menores em Quito, a 2.800 m de altitude, mas sem vítimas.

Apenas aviões do Exército e de ajuda e humanitária chegam à região mais atingida.

A mais afetada foi a cidade turística de Pedernales, onde 80% das construções e da infraestrutura foram destruídas. De acordo com o ministro do Interior, José Serrano, 150 pessoas ainda estão soterradas pelos escombros.

Na cidade de Portoviejo (na província de Manabí), mais de cem prisioneiros escaparam com o tumulto. Autoridades disseram que cerca de 20 foram recapturados, e alguns voltaram voluntariamente.

Correa decretou estado de exceção em todo o país "para garantir a ordem pública". "Nossa dor é imensa, mas ainda maior é o espírito do nosso povo". "O espírito equatoriano deve seguir adiante, e ele saberá como superar esses momentos extremamente difíceis", disse.


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