Folha de S. Paulo


Evo Morales presenteia papa Francisco com livros sobre benefícios da coca

Em visita ao Vaticano, o presidente da Bolívia, Evo Morales, presenteou o papa Francisco com livros sobre os benefícios da folha de coca e recomendou seu consumo.

"Coca: um Biobanco", "Coca: Fator Antiobesidade" e "Coca e a Dieta Cetogênica" foram os títulos presenteados. "Eu tomo e me faz bem. Recomendo para levar a vida", disse Morales a Francisco, segundo a agência de notícias France Presse.

Além disso, o papa recebeu um busto entalhado do líder indígena Tupac Katari, morto no século 18 por espanhóis.

O encontro privado entre os dois líderes durou meia hora e ocorreu nesta sexta (15) na biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano.

Morales viajou à Santa Sé para participar de uma conferência da Academia Pontifícia de Ciências. Também participou do evento o pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos Bernie Sanders. Em sua recém-criada conta no Twitter, Morales disse ter ficado impressionado com o posicionamento "anticapitalista" do americano.

Evo e Sanders

Durante toda a sua Presidência, Evo Morales fez forte campanha internacional pela descriminalização do consumo tradicional das folhas de coca pelos povos andinos.

Ainda que seja a matéria-prima da cocaína, a planta possui propriedades que amenizam os incômodos da altitude e da fome no organismo.

Em 2013, as Nações Unidas reconheceram a legalidade da mastigação das folhas de coca (conhecida como "acullico") dentro das fronteiras da Bolívia.

HISTÓRICO DE PRESENTES

Não é a primeira vez que Evo Morales dá ao papa presentes considerados inusitados.

Em julho de 2015, o presidente da Bolívia deu ao pontífice uma imagem de Jesus Cristo entalhada em madeira, numa cruz formada por uma foice e martelo, símbolo histórico do comunismo.

Tratava-se de uma reprodução da escultura de autoria do jesuíta Luis Espinal, assassinado em 1980 por paramilitares por sua ligação com movimentos sociais bolivianos.

Na ocasião, o papa disse ter interpretado o presente de Evo como uma obra de arte de "protesto", levando em conta a orientação marxista de Espinal e a vida do sacerdote sob a ditadura na Bolívia. "Eu compreendo este trabalho. Para mim, não foi uma ofensa", afirmou.


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