Folha de S. Paulo


Turquia recebe primeiros migrantes deportados após acordo com UE

Ozan Kose/AFP
Migrantes desembarcam nesta segunda-feira (4) em porto turco após serem deportados pela Grécia
Migrantes desembarcam nesta segunda-feira (4) em porto turco após serem deportados pela Grécia

A primeira leva de migrantes e refugiados retidos na Grécia após cruzarem ilegalmente o mar Egeu foi mandada de volta para a Turquia nesta segunda (4), no início do processo de deportação previsto pelo acordo firmado em março entre Ancara e União Europeia para conter o fluxo em direção à Europa.

No total, 202 pessoas deixaram as ilhas gregas de Lesbos e Chios rumo ao porto turco de Dikili, acompanhados por 180 agentes da Frontex, agência que vigia as fronteiras externas da UE.

Em Lesbos, moradores protestaram contra a operação, carregando faixas com a frase "Turkey is not safe" (A Turquia não é segura). É uma referência a denúncias de organizações de defesa dos refugiados de que o governo turco não lhes tem dado tratamento adequado, inclusive expulsando sírios de volta para seu país, onde correm risco por causa da guerra civil.

Pelo pacto firmado entre a UE e a Turquia, todos os migrantes e refugiados que chegaram à Grécia pelo mar Egeu a partir do dia 20 de março serão reconduzidos à Turquia, mas antes terão direito a pedir asilo em território grego.

Segundo estimativas do governo da Grécia, cerca de 5.000 pessoas fizeram a travessia desde o dia 20. No total, há 52,4 mil migrantes e refugiados em solo grego, contando os que chegaram antes dessa data.

Ainda pelo acordo, para cada refugiado mandado de volta à Síria um outro será reassentado legalmente em um país da UE –é o chamado princípio do "um por um". Para essa troca haverá um teto de 72 mil refugiados.

Enquanto ocorria o embarque em Lesbos e Chios, 32 sírios vindos da Turquia desembarcaram no aeroporto de Hannover, 280 km a oeste de Berlim. Escolhidos de acordo com critérios do Acnur (agência da ONU para refugiados), eles ficarão num abrigo temporário até a realocação em cidades alemãs.

As deportações devem continuar a um ritmo de 200 a 250 pessoas por dia, segundo estimativa do governo grego.

O desafio será conciliar esse fluxo à análise dos pedidos de asilo, sobretudo dos sírios detidos após 20 de março. Nesta primeira leva, só dois eram da Síria. A maioria era de paquistaneses, que não se enquadravam como possíveis asilados.

A situação é pior no campo de Moria, em Lesbos, onde 2.800 sírios, iraquianos e afegãos estão detidos após a travessia ilegal –90% deles pediram asilo, o que deve atrasar o cronograma. (JM)
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