Folha de S. Paulo


Estado Islâmico mata 15 de seus membros após morte de dirigente

Cabeça de terrorista

O Estado Islâmico (EI) matou 15 de seus próprios membros após a morte de um importante dirigente do grupo, na quarta-feira (30), em um bombardeio aéreo ocorrido no norte da síria, afirmou à Reuters o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

As mortes acontecem após a prisão de 35 membros do grupo em Raqqa, no sábado (2), de acordo com o observatório, que tem sede na Grã-Bretanha e monitora o conflito que já dura cinco anos na Síria.

A ação tem relação com o assassinato de Abu Hija al-Tunisi, uma figura de primeiro escalão do Estado Islâmico, que morreu na quarta-feira em um ataque aéreo.

A ONG explicou em comunicado que essas 15 pessoas são uma parte desses 35 "agentes" do EI que foram detidos após o bombardeio, supostamente lançado pela coalizão internacional liderada pelos EUA, que tirou a vida de al-Tunisi.

O diretor do Observatório, Rami Abdulrahman, disse à agência EFE que as mortes desses membros ocorreram depois de o EI os acusar de "espionagem a favor de partes estrangeiras", e foram ordenadas no quartel de Al Talaya, situado ao sul de Al Raqqa.

O Observatório ressaltou que as mortes foram ordenadas pela cúpula do EI em Mossul (Iraque). Nas últimas semanas, vários dirigentes do EI morreram em bombardeios.

Em 25 de março, Washington anunciou que acreditava ter matado o número dois e "ministro das Finanças" dos radicais, Abd al Rahman Mustafa al Qaduli, também na Síria.

Pelo menos 4.108 membros do EI perderam a vida durante o último ano e meio por bombardeios da coalizão internacional na Síria, segundo os dados divulgados há dois dias pelo Observatório.

O EI reivindicou a autoria dos atentados de Bruxelas de 22/3.

Veja as imagens da entrevista

CRISE

Em entrevista exclusiva à Folha, um combatente do Estado Islâmico detido na Síria, afirma que o Estado Islâmico está em crise.

"Os bombardeios da coalizão [liderada pelos EUA] enfraqueceram muito o Estado Islâmico. Não podemos mais nos movimentar, e nossos campos de petróleo e refinarias foram atingidos. Enquanto a coalizão continuar atacando o nosso califado na Síria e no Iraque, vamos promover atentados na Europa", disse à reportagem o sírio nascido em Homs Ahmad Derwish, 29, que conta ter matado "mais ou menos" 15 ou 20 pessoas. "Estava defendendo minha religião."

A facção terrorista perdeu 25% de seu território e quase 30% de seus 35 mil militantes desde 2015.

Na semana passada, as tropas do ditador sírio Bashar al-Assad reconquistaram a cidade histórica de Palmira, e os EUA mataram no Iraque um dos principais líderes da facção terrorista.

TENSÕES

Mas após a expulsão de extremistas, cidades sofrem de tensões sectárias que se aprofundam, uma vez que habitantes árabes sunitas são vistos com desconfiança, apontados como colaboradores do EI.

Já a milícia curda YPG (os curdos são uma etnia distinta) é acusada de promover "limpeza étnica" ao expulsar árabes de suas casas.

Autoridades curdas rechaçam as acusações de perseguição aos árabes, mas admitem suspeitar de infiltração de "espiões". E, no fim do ano passado, obrigaram famílias que tinham algum integrante no EI a deixar as cidades.

"Alguns árabes ainda cooperam com o Daesh [acrônimo em árabe para Estado Islâmico]: eles têm parentes em Raqqa [proclamada capital do EI na Síria] e passam informações", diz o comandante da YPG Khabat Alim.

Clique no infográfico abaixo para mais informações sobre o EI

Estado Islâmico


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