Folha de S. Paulo


'Ameaça de terrorismo nuclear persiste', diz Obama em cúpula

O presidente dos EUA, Barack Obama, alertou nesta sexta-feira (1) que a ameaça de terrorismo com armas atômicas persiste, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos para proteger materiais nucleares vulneráveis.

A advertência foi feita na abertura da sessão plenária da Cúpula de Segurança Nuclear, que reúne 52 países em Washington, entre eles o Brasil.

"A ameaça de terror nuclear persiste e continua a evoluir. Felizmente, graças a nossos esforços coordenados, nenhum grupo terrorista até agora conseguiu obter uma arma nuclear ou uma bomba suja feita de material radioativo", disse Obama.

Kevin Lamarque/Reuters
Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, faz duplo sinal positivo atrás de Obama em foto de cúpula
Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, faz duplo sinal positivo atrás de Obama em foto de cúpula

Ele lembrou, porém, que a organização terrorista Al Qaeda "há muito busca material nuclear" e que pessoas envolvidas nos atentados recentes em Bruxelas monitoraram o gerente de uma instalação nuclear na Bélgica.

Além disso, disse Obama, a facção terrorista Estado Islâmico (EI) usou armas químicas na Síria e no Iraque.

É a quarta e última versão da cúpula criada por Obama com o objetivo de aumentar a proteção de materiais nucleares e reduzir o risco de que sejam usados para ataques terroristas.

Segundo o presidente, nos seis anos desde o primeiro encontro, os países envolvidos conseguiram reduzir o risco "de maneira mensurável".

Mas ele insistiu que é preciso manter os esforços. Uma das principais dúvidas em relação à cúpula é se o trabalho iniciado sob a liderança de Obama terá continuidade.

"A mais efetiva defesa contra o terrorismo nuclear é proteger esse material totalmente, para que não caia nas mãos erradas. Isso é difícil, e centenas de instalações militares e civis ao redor do mundo ainda têm cerca 2.000 toneladas de material nuclear, e nem todo ele está protegido de maneira apropriada", disse Obama.

"Uma pequena quantidade de plutônio, do tamanho de uma maçã, poderia matar ou ferir centenas de milhares de inocentes. Seria uma catástrofe humanitária, política, econômica e ambiental com ramificações globais por décadas. Mudaria o nosso mundo."

Entre os êxitos obtidos desde a cúpula de 2010, Obama citou os 260 compromissos assumidos pelos participantes para aumentar a proteção dos materiais nucleares, entre os quais três quartos foram cumpridos.

Também destacou que 102 países ratificaram a emenda à Convenção para a Proteção Física de Material Nuclear. O presidente classificou o tratado como "chave" para reduzir o risco de que material nuclear caia em mãos de terroristas.

Com a ratificação de dois terços dos signatários do acordo, ele deve entrar em vigor nas próximas semanas. O Brasil ainda não ratificou a emenda.

Estão presentes na cúpula líderes de vários países, entre eles China, Reino Unido, França, Japão e Coreia do Sul.

Em uma reunião que antecedeu a abertura da sessão plenária, o presidente Obama esteve com representantes dos países do P5+1, que negociou o acordo nuclear com o Irã no ano passado, destinado a dificultar a produção de armas nucleares na República Islâmica, em troca da suspensão das sanções econômicas sobre o país.

"Esse acordo obteve um sucesso substancial e se concentrou nos perigos da proliferação nuclear de forma eficiente", disse Obama. "É um sucesso da diplomacia e espero que possamos reproduzi-lo no futuro."

Pela primeira vez em dez anos, os Estados Unidos vão divulgar detalhes de seu estoque de urânio altamente enriquecido que pode ser usada em armas nucleares, anunciou Obama em seu discurso.

"Mais uma vez, estou deixando claro que os EUA continuarão a fazer a sua parte. Hoje estamos liberando uma detalhada descrição das medidas de segurança que nosso país toma para salvaguardar material nuclear", disse Obama.

"Pela primeira vez em uma década estamos fornecendo um inventário público de nosso estoque de urânio altamente enriquecido, que poderia ser usado em armas nucleares. Esse é um inventário que nós reduzimos consideravelmente."


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