Folha de S. Paulo


Professora processa Universidade Columbia após escândalo sexual

Um novo escândalo de assédio sexual tomou os corredores da prestigiada Universidade Columbia, em Nova York. Uma professora entrou com processo na Justiça acusando a instituição de retaliá-la após ela reclamar de supostos abusos de um tutor.

Docente na faculdade de negócios desde 2008, Enrichetta Ravina, 40, pede US$ 20 milhões (R$ 72,5 milhões) por discriminação de gênero, assédio sexual e ambiente de trabalho hostil, entre outras acusações.

Daniel Acker - 23.abr.2010/Bloomberg
Estudantes e pedestres andam em frente da Biblioteca Memorial da Universidade Columbia
Estudantes e pedestres andam em frente da Biblioteca Memorial da Universidade Columbia

A Columbia disse que não comenta processos judiciais pendentes, mas que trata "alegações de assédio com o máximo de seriedade".

O episódio começou em 2009, quando o professor Geert Bekaert ofereceu ajuda à professora Ravina em seu projeto sobre investimentos para aposentadoria. Na Columbia desde 2000, ele havia trabalhado em uma empresa com um banco de dados valioso para a pesquisa.

A colaboração avançou e, quando se tornou essencial ao projeto, Bekaert "começou a falar de pornografia, defender o uso de prostitutas e descrever suas façanhas sexuais", segundo o processo.

"Ele queria ter uma relação íntima com Ravina, insistindo que se encontrassem fora do campus, tocando-a inapropriadamente, descrevendo-a como sensual e se dizendo atraído."

Diante das negativas de Ravina, o professor começou a sabotar a pesquisa, diz a acusação. "Quanto mais ela resistia, pior era o comportamento de Bekaert. Ele disse que, se ela fosse 'mais gentil', o trabalho poderia avançar mais rapidamente."

ACUSADO NEGA

O docente nega a acusação. Diz que nunca foi superior hierárquico à colega e que fica perplexo com o que chama de tentativa dela de "destruir sua reputação".

A professora diz que recorreu a diferentes chefes na universidade. Em resposta, ouviu que fazia "drama" e seria prudente desistir da carreira acadêmica, segundo a ação. "Deixaram claro que não fariam nada para protegê-la."

Colegas de Ravina teriam tentado interferir, mas foram ignorados, alega a acusação.

Os advogados da professora acrescentam que, com a insistência dela, a Universidade Columbia, então, retaliou. Revogou uma licença remunerada e impôs prazos mais apertados do que a praxe.

Entre as 15 melhores universidades do mundo, a Columbia, com frequência, é envolvida em escândalos afins.

Durante meses, entre 2014 e 2015, uma estudante protestou carregando pelo campus o colchão em que diz ter sido estuprada por um colega, quando a instituição arquivou sua acusação.

O último relato de abuso ocorreu em 21 de março, no dormitório estudantil, segundo o sistema de alertas da universidade. Em novembro, outra estudante relatou ter sido estuprada por dois colegas dentro do campus.

Columbia começou, há um ano, a impor aos estudantes aulas e palestras sobre respeito sexual pelo menos uma vez ao longo do curso, inclusive na pós-graduação.

Um dos workshops pretende ensinar os alunos a diferenciar recusa de consentimento. Outro, intitulado "A Arte e a Ciência do Flerte", promete ajudar os participantes "a decifrar a linguagem às vezes confusa da paquera".


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