Folha de S. Paulo


Exército sírio retoma cidade de Palmira do Estado Islâmico

As forças do regime sírio recuperaram neste domingo (27) a cidade histórica de Palmira, impondo uma derrota significativa à facção terrorista Estado Islâmico, que há dez meses dominava a região.

O avanço militar foi anunciado pela imprensa estatal síria e confirmado pelo grupo ativista Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição moderada ao ditador Bashar al-Assad.

A ofensiva para retomar a cidade começou há três semanas. A situação começou a ficar mais favorável para o regime, porém, desde a última segunda (21), quando a Rússia começou a participar de bombardeios à região.

Os ataques aéreos debilitaram as forças do Estado Islâmico, que começaram a se retirar para leste. Isso permitiu o avanço dos soldados por terra até dominarem Palmira por completo neste domingo.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 400 combatentes do Estado Islâmico e 180 membros das forças aliadas ao regime morreram na batalha.

Na televisão estatal síria, Assad afirmou que a recaptura de Palmira é "outra indicação do sucesso da estratégia do Exército sírio e de seus aliados na guerra contra o terrorismo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou seu aliado pela operação. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que Assad "valorizou fortemente a ajuda da Força Aérea russa e enfatizou que a vitória seria impossível sem o apoio russo".

A retomada de Palmira é o mais recente exemplo de como a intervenção da Rússia mudou a sorte das forças do regime no conflito de cinco anos. Em seis meses com a ajuda de Moscou, Assad recuperou diversos territórios perdidos para o Estado Islâmico e a oposição moderada.

Do lado da facção terrorista, trata-se de um golpe duplo. Além da perda da cidade, os extremistas deixam mais aberta a guarda para que os adversários possam chegar a seus bastiões na Síria —Deir al-Zor e Raqqa, a capital de seu califado.

Nas últimas semanas, a milícia ainda perdeu dois de seus principais líderes em bombardeios dos EUA e viu o Iraque lançando uma ofensiva para retomar Mossul, a maior cidade em seu poder.

Onde fica Palmira

PATRIMÔNIO

No anúncio, Assad disse que o regime "recuperará o mais rápido possível" as ruínas de Palmira, consideradas Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.

Nos dez meses de domínio, o EI dinamitou parte das colunas romanas, do Arco do Triunfo da cidade e dos templos de Bel e Baalshamin, de mais de 2.000 anos.

O diretor de antiguidades sírio, Maamoun Abdelkarim, afirmou que tentará recuperar as construções. "Temos um desafio ao terrorismo, que é não importa o que vocês façam, vocês não podem apagar a nossa história".


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