Folha de S. Paulo


Bélgica confirma que terrorista de Bruxelas fez bombas usadas em Paris

Reuters
Foto divulgada pela polícia da Bélgica mostra Najim Laachraoui, homem-bomba no ataque em Bruxelas
Foto divulgada pela polícia da Bélgica mostra Najim Laachraoui, homem-bomba no ataque em Bruxelas

O procurador federal belga Frédéric Van Leeuw confirmou nesta sexta (25) que o segundo homem-bomba que se explodiu no aeroporto de Bruxelas é Najim Laachraoui, 24, ligado à facção terrorista Estado Islâmico.

Laachraoui, que aparece em uma imagem da câmera de segurança do terminal, é apontado como o fabricante das bombas tanto em Bruxelas quanto nos atentados de Paris em 13 de novembro.

O anúncio é a prova definitiva de que os ataques que deixaram 31 mortos e quase 300 feridos na capital belga na terça (22) foram feitos pelo mesmo grupo responsável pelos atentados em Paris. O DNA de Laachraoui fora encontrado nos coletes explosivos usados no Stade de France e na boate Bataclan.

A capital belga presenciou entre a noite de quinta (24) e a tarde desta sexta (25) uma ofensiva antiterror que terminou com nove presos. Dos seis detidos na quinta, todos suspeitos de envolvimento nos ataques, três continuavam sob custódia policial.

Há uma "forte possibilidade", disse a polícia à imprensa belga, que um desses presos seja o homem de jaqueta clara que aparece à direita de Najim Laachraoui e do outro suicida do aeroporto, Ibrahim el-Bakraoui, na imagem do circuito interno do terminal. O suspeito se chamaria Fayçal C, identificado como jornalista independente belga. Ele fugiu em meio às explosões depois de a bomba que levava na mala falhar.

Nesta sexta (25), a principal operação ocorreu em Schaerbeek, bairro ao norte de Bruxelas que serviu de base para os ataques —de lá partiram os três terroristas da ação no aeroporto, incluindo Najim Laachraoui, criado na região. Depois de explosões provocadas pela polícia para invadir um apartamento, um homem foi preso, acusado de vínculo com outro suspeito detido na quinta em Paris.

Segundo o governo francês, o homem identificado como Reda Kriket estava num "estágio avançado" para cometer um novo atentado contra o país.

DUPLO LAÇO

Em mais um sinal de que as redes belgas e francesas têm várias conexões, Kriket foi condenado à revelia, em 2015, por recrutar combatentes para o EI —o suspeito viajou para a Síria em 2014.

Ele seria cúmplice de Abdelhamid Abaaoud, considerado o coordenador dos atentados em Paris, morto numa operação policial cinco dias após as ações terroristas.

Segundo a imprensa alemã, dois homens detidos na quarta (23) em Frankfurt receberam, pouco antes dos ataques em Bruxelas, mensagens de celular em que era citado o nome de Khalid el-Bakraoui, o suicida que se explodiu no metrô de Maelbeek.

Após a série de prisões, o presidente francês, François Hollande, afirmou que o grupo responsável pelas ações em Paris e Bruxelas está "prestes a ser aniquilado", mas apontou para a ameaça de outras redes terroristas.

Ainda nesta sexta (25), a imprensa francesa revelou detalhes do primeiro depoimento à Justiça de Salah Abdeslam, preso dia 18 e um dos principais envolvidos nos ataques de Paris. Ele diz ter desistido de se suicidar na frente do Stade de France, mas não explicou o motivo.

APOIO DE KERRY

Pressionado por não ter conseguido impedir os terroristas de Paris de cometer um novo ataque quatro meses depois, o governo belga recebeu nesta sexta (25) o apoio dos EUA, traduzido na visita a Bruxelas do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.

Ao lado do premiê belga, Charles Michel, Kerry afirmou: "Após o 11 de Setembro, os europeus disseram: 'Nós somos americanos'. Agora, nós dizemos: 'Je suis Bruxellois. Ik ben Brussel [sou bruxelense, em francês e holandês, línguas oficiais do país].

Michel afirmou que o Parlamento belga avalia um plano de enviar caças para bombardear posições do EI na Síria. Até agora, a ação dos jatos belgas se limita ao Iraque. A facção terrorista voltou a reivindicar os ataques em Bruxelas, agora por meio de um vídeo.

Ataques na Bélgica


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