Folha de S. Paulo


Operação dos EUA mata "ministro das finanças" do Estado Islâmico

Um dos principais comandantes da facção terrorista Estado Islâmico (EI) foi morto por forças americanas, anunciou nesta sexta (25) o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Ash Carter.

Ele se recusou a dar mais informações sobre a operação ou se a morte ocorreu na Síria ou no Iraque.

Abd al-Rahman Mustafa al-Qaduli, também conhecido como Haji Iman, seria o "ministro das finanças" do EI e o responsável por algumas das ações externas da facção. De acordo com Carter, a morte de Al-Qaduli, assim como a de outros comandantes da milícia nas últimas semanas, deve minar a capacidade dos extremistas de fazer atentados tanto na Síria e no Iraque quanto em outros países.

AFP
Foto não datada de Abd ar-Rahman Mustafa al-Qaduli divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA
Foto não datada de Abd ar-Rahman Mustafa al-Qaduli divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA

Apesar disso, ele reconheceu que as lideranças da facção, quando mortas, são rapidamente substituídas. "Matar um líder é necessário, mas longe de ser suficiente. Os líderes podem ser substituídos. Mas esses foram líderes por muito tempo. Eram experientes", disse, referindo-se à morte de Al-Qaduli e de outro comandante do EI, Omar al-Shishani, que seria o "ministro da guerra" da milícia. A morte de Al-Shishani foi divulgada pelos EUA na semana passada.

Segundo alguns analistas, Al-Qaduli era cotado para assumir o lugar do atual líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, caso ele fosse morto. Por isso, poderia ser considerado o segundo no comando da facção terrorista.

Carter também fez menção aos recentes atentados terroristas na Europa. "Paris e Bruxelas nos lembram porque precisamos lutar contra o EI. O nosso inimigo é um só e juntos podemos fazer mais." Não há evidências de que Al-Qaduli estivesse diretamente ligado aos atentados da última terça-feira (22) na Bélgica.

O general Joseph Dunford, que também participou da conferência de imprensa, disse que a ofensiva contra o EI atravessa um bom momento, mas que ainda é cedo para dizer que "a luta acabou". Ele informou que os EUA devem aumentar seu efetivo no Iraque nas próximas semanas (hoje são cerca de 3.800 soldados), mas que essa decisão ainda precisa ser tomada em definitivo.

O Iraque é alvo constante de atentados terroristas a mando do Estado Islâmico. Nesta sexta (25), por exemplo, ao menos 29 pessoas morreram em Iskanderiyah, cidade a cerca de 50 km Bagdá, após a ação de um homem-bomba durante um jogo de futebol. Segundo fontes policiais ouvidas pela agência France Presse, a partida já havia terminado e o troféu estava sendo entregue à equipe vencedora quando o ataque ocorreu. Dezenas de pessoas ficaram feridas.

Segundo fontes da jornalista Barbara Starr, correspondente da CNN no Pentágono, existe a possibilidade de que a operação que matou Al-Qaduli tenha sido realizada por Forças Especiais terrestres dos Estados Unidos, não por ataques aéreos. De acordo com uma fonte da agência Associated Press, a ação que matou o líder extremista ocorreu na Síria.

PALMIRA

Também nesta sexta (25), o Exército da Síria anunciou ter recuperado a cidadela de Palmira, tomada por forças do EI desde maio de 2015.

No período em que controlou a cidade, os extremistas destruíram e pilharam diversos sítios arqueológicos locais, alguns considerados patrimônio da humanidade pela Unesco

A reconquista é uma vitória não só para o governo sírio, mas também para a Rússia, que anunciou, no início do mês, a retirada de parte de suas forças do território, depois de meses de bombardeios que conseguiram favorecer o ditador Bashar al-Assad na guerra civil que o país enfrenta há cinco anos.


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