Folha de S. Paulo


Obama faz elogios a Macri por mudanças econômicas na Argentina

Martín Zabala/Xinhua
O presidente americano, Barack Obama, é recebido por seu colega argentino, Mauricio Macri, na Casa Rosada
O presidente americano, Barack Obama, é recebido por seu colega argentino, Mauricio Macri, na Casa Rosada

Na primeira visita de um presidente americano à Argentina desde 1997, quando Carlos Menem recebeu Bill Clinton, Washington e Buenos Aires retomaram suas relações amistosas nesta quarta-feira (23) com a visita do presidente Barack Obama ao país de Mauricio Macri em meio a elogios mútuos.

De 2003 a 2015, nos três mandatos kirchneristas, a Argentina havia se afastado dos americanos por questões ideológicas e se aproximado de China e Venezuela. O calote que o país aplicou em 2001 em credores internacionais ajudou a isolá-los.

As mudanças adotadas pelo presidente de centro-direita Mauricio Macri, que assumiu em dezembro, têm agradado os EUA e renderam elogios de Obama a seu colega.

"Estamos impressionados com o que Macri fez em tão pouco tempo", disse o americano, referindo-se a políticas econômicas que incluem a redução do protecionismo e o fim do controle cambial.

"Estou triste porque terei apenas nove meses para trabalhar com ele", acrescentou —o americano deixará a Presidência em janeiro de 2017.

Para Obama, Macri deve ser um exemplo aos demais líderes da região, e a Argentina precisa reassumir sua importância no mundo.

Já Macri disse que seu par é uma inspiração para a maioria dos dirigentes. O argentino ainda criticou a política externa da antecessora, Cristina Kirchner, ao afirmar que agora se inicia uma etapa de "relações maduras, inteligentes e construtivas".

Sobre um acordo de livre comércio, Macri pontuou que ainda há espaço para incrementar as trocas bilaterais e que é preciso consolidar o Mercosul antes de analisar um tratado amplo.

DITADURA

Obama confirmou que fará um esforço para liberar documentos sigilosos dos EUA relacionados à última ditadura argentina (1976-83), incluindo registros militares e dos serviços de inteligência. Questionado sobre a participação dos EUA na ditadura, Obama foi evasivo.

"A política externa de qualquer país tem momentos de grande sucesso e glória, mas também tem momentos que não tiveram resultados positivos, que foram contrários ao que eu acho que os EUA devem representar."

Medindo palavras, destacou que nos anos 70 a preocupação dos EUA com direitos humanos era tão importante quanto conter o comunismo.

Obama também abordou os ataques ocorridos na Bélgica na terça (22) e disse que acabar com o terrorismo é sua prioridade número um. "Iremos atrás do Estado Islâmico de forma agressiva até que ele seja removido do Iraque e da Síria e finalmente destruído."

O mandatário reiterou que os EUA continuarão usando força militar no combate ao terrorismo, como vêm fazendo na última década e meia.


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