Folha de S. Paulo


Donald Trump defende que EUA injetem menos recursos na Otan

O pré-candidato republicano Donald Trump defendeu que os EUA reduzam os investimentos na Otan (aliança militar ocidental), abrindo espaço para que seus adversários na disputa pela Casa Branca o acusassem de desconhecer a política externa americana.

Os comentários foram feitos em entrevistas à rede de TV CNN, exibidas nesta segunda-feira (21). Trump argumentou que "o mundo hoje é diferente de quando a ideia foi concebida", em 1949, e que a parcela de recursos alocados pelos EUA é "desproporcional".

O senador ultraconservador Ted Cruz, do Texas, disse que "rachar a Otan é o objetivo" da Rússia há "décadas". "O que Trump diz é que ele daria uma enorme vitória ao [presidente russo Vladimir] Putin", criticou. "O conhecimento de Donald sobre o mundo é muito limitado."

O governador de Ohio, John Kasich, foi na mesma linha, dizendo que Trump estava "terrivelmente errado". "Temos de fortalecer a Otan para assegurar que Putin entenda que armaremos os ucranianos para que possam lutar pela liberdade", disse.

Tanto Cruz quando Kasich negaram qualquer possibilidade de se unirem em eventuais chapas ou de serem candidatos a vice de Trump.

DIVISÃO REPUBLICANA

A divisão entre os republicanos é percebida pelos eleitores do partido. Para 88% deles, a legenda está rachada, enquanto 33% dos eleitores democratas acham o mesmo do partido que apoiam.

Segundo pesquisa do jornal "The New York Times" e da rede CBS, 60% dos republicanos dizem que o partido é motivo de constrangimento e faz uma campanha mais pessimista do que no passado.

Apenas 13% dos democratas se disseram envergonhados, e 9% apontaram tom negativo em seu partido.

Figura central no racha entre conservadores, a taxa de aprovação de Trump é de 51% do eleitorado republicano. Já a favorita democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, tem aprovação de 61%.

Trump, porém, se beneficiou da desistência de pré-candidatos e hoje é o preferido de 46% dos eleitores republicanos, a maior parcela que ele obteve desde o lançamento de sua campanha, nove meses atrás.

Hillary também questionou a competência de Trump como eventual comandante-chefe dos EUA. "Ele tem demonstrado preconceito, arrogância e 'bullying', e eu penso que, quando se trata de compreender o que ele faria como presidente, sérias questões foram levantadas."

O adversário de Hillary na disputa pela candidatura democrata, o senador Bernie Sanders (Vermont) defendeu uma atuação menos intervencionista dos EUA e, destoando dos republicanos, advogou pela reaproximação com Cuba e uma possível visita de Raúl Castro.

"Até onde sei, convidamos líderes da Arábia Saudita, da China e de vários regimes autoritários. Acho que Cuba deveria ser tratada da mesma forma", afirmou.


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